POLÍTICA

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Janot diz que age não por coragem, mas por medo

Folhapress

| Edição de 06 de setembro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ontem durante sessão do CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal) que o pronunciamento sobre a revisão do acordo de delação da JBS, feita nesta segunda, foi um dos momentos mais tensos de sua carreira. Ele disse também que não age por coragem, mas por “medo de errar” e decepcionar a instituição.
Janot deixa a PGR (Procuradoria-Geral da República) no próximo dia 17, depois de quatro anos à frente do Ministério Público Federal.
“Alguém disse: ‘Você é um homem de muita coragem’. Eu pensei: ‘Será que sou?’ Eu pensei que não tenho coragem nenhuma, eu tenho é medo, e o medo nos faz alerta”, disse.
“Medo de quê? De errar muito e decepcionar as instituições. As questões que enfrentei, enfrentei por medo de errar, de me omitir, de decepcionar minha instituição mais do que por coragem de enfrentar os desafios”, afirmou Janot.
O procurador-geral será substituído no cargo por Raquel Dodge, nomeada no mês passado pelo presidente Michel Temer. Dodge também é conselheira do CSMPF e estava na sessão.
No pronunciamento desta segunda, quando anunciou a abertura de uma investigação que pode cancelar os benefícios do acordo de delação da JBS, Janot abriu sua fala com uma citação em inglês: “The only easy day was yesterday” (o único dia fácil foi ontem, em tradução livre).
Na sessão do CSMPF desta terça, o procurador retomou o tom de dificuldade e disse se sentir em uma montanha-russa, com altos e baixos. A PGR abriu procedimento para revisar os acordos de três dos sete delatores do grupo J&F, que controla a JBS: Joesley Batista, um dos donos, Ricardo Saud e Francisco de Assis. Gravações de delatores da JBS foram liberadas à imprensa ontem à noite.