POLÍTICA

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JBS destinou R$ 175 milhões à chapa Dilma-Temer

Folhapress

| Edição de 21 de maio de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud detalhou, em delação premiada, valores pagos pela empresa para comprar os partidos da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer na eleição presidencial de 2014.
Conhecido como “o homem da mala”, pelo papel protagonista na articulação das propinas, Saud teria destinado em nome da empresa quase R$ 175 milhões às legendas.
Foram cerca de R$ 5,1 bilhões em gastos oficiais e declarados nas eleições de 2014, incluindo os pleitos para a Presidência da República e também para os governos estaduais. 

Imagem ilustrativa da imagem JBS destinou R$ 175 milhões à chapa Dilma-Temer


O delator deixa claro que o valor não corresponde ao total pago pela empresa a título de propinas, mas sim a um movimento no início da campanha.
A maior parte, diz, foi paga mediante notas fiscais falsas para simular serviços prestados. “No final, vamos ter citado mais de cem escritórios de advocacia, tudo notas falsas”, diz.
Segundo o relato de Saud, “todos os partidos tinham consciência de que isso (os valores repassados) era propina paga pelo PT” em retribuição ao suporte do partido ao grupo de Joesley Batista.
O presidente da República, Michel Temer (PMDB), então candidato a vice-presidente com Dilma, era o maior articulador desses repasses ilegais, diz Saud.
“Com relação à Dilma (Rousseff), não posso afirmar que ela tinha conhecimento, porque nunca estive com ela, graças a Deus”, respondeu o executivo quando perguntado se a ex-presidente petista tinha consciência desses pagamentos.
“Já com Michel Temer”, ele completa, “tenho certeza que sabia de todos os acertos financeiros, porque eu mesmo o comuniquei. Estive com ele muitas vezes, não foram poucas”.
Saud detalhou uma das “muitas” oportunidades em que esteve com Temer: “era na Copa do Mundo, um jogo da Holanda que eu vi com o Michel Temer na casa dele, lá na praça, alto de Pinheiros (em São Paulo). Fui lá com o bilhete que está nos anexos, detalhando os R$ 35 milhões que estavam sendo doados ao senadores”, afirmou o diretor da JBS
“Falei: ‘ó Temer, tá iniciando a campanha, Joesley (Batista, dono da empresa) achou por bem avisar que está doando R$ 35 milhões que não estão passando pelo senhor”.
COMPRA DE LÍDERES
A quantia, ele afirma, se destinava a comprar líderes do PMDB no Senado: Eduardo Braga, Jader Barbalho, Vital do Rêgo, Eunício Oliveira, Renan Calheiros, Valdir Raupp e Henrique Alves são alguns dos citados.
Devido à insistência dos políticos, o valor teria sido ampliado para R$ 46 milhões.
“Naquele momento havia uma sensação de que o Aécio (Neves) tinha chances reais de ganhar a eleição. Então o PT tentou trazer os caciques do PMDB pra eles”, explicou Saud.
Segundo ele, havia resistência entre a cúpula peemedebista ao nome de Michel Temer, e por isso foi preciso investir em comprar essa dissidência.
“O PMDB é o partido hoje no País que tem a maior militância: organização em todos os Estados e quase todas as cidades. Isso barateia demais uma campanha”.
O executivo afirma ainda que pagou R$ 36 milhões ao PR, R$ 42 milhões ao PT, R$ 4 milhões para o PDT e R$ 10 milhões para o PCdoB.
O PSD, do então senador e hoje ministro Gilberto Kassab, teria ficado com R$ 40 milhões, negociados pelo próprio Kassab.

CUNHA E MARTA
Por sua vez, Florisvaldo Caetano de Oliveira, ex-conselheiro fiscal da JBS, diz em depoimento à Procuradoria-Geral da República ter feito pagamentos a pessoas como Altair Alves Pinto, emissário do ex-deputado Eduardo Cunha, e Márcio Toledo, marido da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP). Segundo ele, um representante de Michel Temer, que respondia por “coronel”, também recebeu quantias.