OPINIÃO

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Jogo Baleia Azul não pode ser motivo de histeria

Da Redação

| Edição de 23 de abril de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O jogo online Baleia Azul, que incentiva o suicídio de adolescentes, foi o assunto principal desta semana. O problema ganhou repercussão após o anúncio de que cinco menores tentaram tirar a própria vida em Curitiba, o que motivou o governo estadual a criar uma força-tarefa para investigar os casos. O desafio virtual é perverso, preocupante e exige atenção de pais e autoridades. No entanto, é preciso tomar cuidado para evitar a histeria e a paranoia. É possível, sim, tratar o assunto com maturidade. 

Na última quarta-feira, o Colégio Estadual Emílio de Menezes, de Arapongas, passou por momentos de pânico por causa de um boato envolvendo o jogo. Porém, tudo indica que foi um grande mal-entendido. A confusão começou quando dois estudantes do colégio decidiram fugir por motivos pessoais. Eles ficaram desaparecidos por apenas um dia. A situação saiu do controle após um professor da escola gravar um áudio relacionando o sumiço ao desafio virtual, insinuando que uma terceira estudante estava envolvida. Pior: o professor disse que o plano do trio era matar colegas e professores da escola. Inicialmente, o áudio foi veiculado em um grupo fechado de WhatsApp, mas acabou vazando, chegando a pais, alunos e professores. 

O pânico se instalou no colégio. Muitos pais não deixaram os filhos irem à escola, a Polícia Civil precisou ser chamada e o Núcleo Regional de Educação (NRE) fez uma reunião de emergência no estabelecimento de ensino.
É claro que o caso ainda está sendo investigado pela Polícia Civil, mas houve uma grande paranoia no colégio provocada por uma interpretação infeliz feita da situação por um professor. 

Como foi dito acima, o jogo Baleia Azul é perverso. Esse desafio virtual propõe uma série de “missões” a serem cumpridas em 50 dias, que preveem desde assistir filmes de terror de madrugada, promover automutilações até cometer suicídio. O assunto tem ocupado o noticiário e as preocupações dos pais brasileiros, mas é preciso calma para lidar com essa avalanche de informações. Para evitar as consequências de ter o filho envolvido, a primeira providência é ter uma conversa franca com os adolescentes em casa. No entanto, é importante evitar o alarmismo. Os pais devem tratar o assunto com clareza e transparência, sem sermões ou escândalos desnecessários. Se a situação for grave e preocupante, é claro, é hora de procurar ajuda especializada. 

É um erro também tratar o problema como “besteira” ou afirmar que “no meu tempo” isso não acontecia. A questão precisar ser encarada com os pés no mundo de hoje. A tecnologia é uma realidade e a maioria das crianças e adolescentes tem acesso a smartphones e à internet. É preciso se adaptar ao mundo atual, no qual as informações estão disponíveis a um clique, e compreender melhor o universo dos filhos. O jogo Baleia Azul é perigoso, sim, mas a histeria pode amplificar o problema e piorar as coisas, como aconteceu em Arapongas.