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Letra cursiva e formação de professores

Dinamara Machado

| Edição de 18 de março de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A discussão a respeito da letra cursiva sempre retorna aos ambientes educacionais, de pesquisa e, por consequência, à mídia. Talvez isso aconteça pelo princípio inicial da ciência, que consiste em debater os assuntos e apresentar novas perspectivas sobre eles, ou seja, estabelecer um novo paradigma ou apenas suscitar novas discussões a partir do olhar de outros pesquisadores.
Nestes tempos de sociedade globalizada, considerada pós-moderna, muitos temas confrontam-se com o impacto das tecnologias em nossas vidas. A importância da letra cursiva no processo de aprendizagem é uma temática que esbarra não só nas tecnologias, mas também nas teorias da psicologia. E como estas teorias foram instituídas no começo do século passado, muitos educadores refutam sua aplicabilidade no contexto atual. Apesar de que, os principais pesquisadores (Piaget e Vygostsky) insistiam no ritmo e preferência de cada aluno, como um processo construtivo para a aprendizagem.
A letra cursiva permite desenvolver a coordenação motora ampla e fina, além de trabalhar conceitos importantes de continuidade, de cooperativismo e de linearidade. Ademais, ao desenhar as letras, a criança descobre formas geométricas, e estabelece maior esforço de integração entre as áreas motora e cerebral.
A neurociência tem avançado e já nos ensinou que o ato de escrita cursiva permite que o cérebro memorize os assuntos/conteúdos com maior facilidade, o que faz com que os estudantes possam expressar suas ideias com mais agilidade.
Em termos de nação, no passado tivemos a implantação do Projeto Um Computador por Aluno (UCA), com a proposta de distribuição de computadores portáteis aos alunos da rede pública de ensino. Neste momento discutiu-se no Brasil que a letra cursiva estaria com os dias contados. Mas, o UCA não conseguiu atingir todo o território nacional, ficando restrito a algumas escolas. E mesmo nas escolas onde aconteceu a implantação do projeto, os professores alfabetizadores continuaram trabalhando a letra cursiva e a bastão. E o que é imperativo em tempos modernos aconteceu, algumas crianças aderiram à letra cursiva e outras a bastão. Afinal, para o bem, nossas crianças apesar de viverem rodeadas de tecnologias, e viverem quase num processo de imersão, ainda não possuem um chip que determina seus caminhos, forma de aprendizagem e escolhas.
Estamos vivendo a mescla das gerações do nativo e dos imigrantes digitais, e por muito tempo, teremos o saudosismo pelas constatações da ciência e perplexidade diante das novas descobertas. Ainda não tivemos tempo suficiente para pesquisar os impactos das tecnologias digitais no processo de aprendizagem, já que os considerados nativos digitais têm apenas 36 anos. E ainda não temos conhecimento de uma pesquisa que acompanhou ao longo do tempo estes sujeitos.
O que temos evidenciado em várias pesquisas, é que os professores precisam reconhecer seus alunos, as diferentes tendências educacionais, as teorias da psicologia, para que possamos ser docentes que respeitem e oportunizem a a aprendizagem, da alfabetização até as pesquisas de doutoramento.