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Mãe lança livro inspirado na doença do filho

Fernanda Neme

| Edição de 15 de julho de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Após o filho Enzo, na época com 1 ano e 11 meses, ser diagnosticado com diabetes do tipo 1, a nutricionista Fernanda Cristina Carrasco Bela Brizzi, de Arapongas, viu a rotina de sua família mudar completamente. Do susto inicial à mobilização social, a trajetória da família rendeu um livro, a “Cartilha Meu Filho Tipo 1”, que será lançado no dia 4 de agosto durante a 25ª Bienal Internacional do Livro, de São Paulo. Por conta da doença do filho, Fernanda mudou de profissão – ela era veterinária – e de postura. Ativista, ela conseguiu aprovar uma lei municipal que implantou a adoção de testes rápidos de glicemia no protocolo de atendimento de emergência do município. 
Por conta da atuação em blogs e redes sociais, Fernanda está em Dublin, na Irlanda, desde o último dia 12. Ela foi convidada para participar da DX Dublin, um evento para influenciadores digitais, onde a nutricionista vai falar sobre sua mudança de vida e também sobre o projeto de lei que conseguiu aprovar junto com a Câmara de Vereadores de Arapongas. 
A lei, segundo ela, é pioneira no Brasil, e determina a realização de teste rápido de glicemia na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O objetivo da lei é garantir que novos casos possam ser diagnosticados além de garantir tratamentos adequado para quem tem diabetes. “Quero aprender uma forma melhor de aprender a passar informações seguras e corretas de fontes para a internet. Nunca imaginei algo assim”, comemora. 
O livro, que foi escrito há quase quatro anos, ainda não tinha sido publicado por falta de oportunidades. Na obra, Fernanda aborda os desafios, as angústias e os aprendizados, que ela e o marido, Bráulio Augusto Brizzi e também o filho Enzo, hoje com nove anos, enfrentaram nos primeiros anos. “Já estamos com a pré-venda do livro, que não é para mostrar o tratamento do diabetes e sim como a família pode lidar com o diagnóstico. Mesmo nos dias atuais, acreditem, é difícil”, explica a mãe.
Uma das primeiras dificuldades da família, segundo Fernanda, foi na própria escola que Enzo estudava. “O primeiro baque foi através da própria escola que ele estudava, que alegou que o Enzo não poderia mais estudar lá e que não teria estrutura para cuidar dele”, recorda. Por isso, para melhorar a qualidade de vida do filho foi trocando experiências, buscando profissionais qualificados, além de mãe que passavam pela mesma situação. 
Entre as mudanças na vida da mãe está a de profissão. Fernanda é formada em Veterinária, e trabalhava na área. No entanto, diante do cenário e do desejo de proporcionar mais qualidade de vida ao filho, começou a fazer cursos voltados na área de Nutrição e sobre diabetes. Em 2017, ela concluiu a graduação em Nutrição. “Nunca pensei que seria uma nutricionista porque sempre lutei contra o excesso de peso e cheguei a fazer uma cirurgia bariátrica há 8 anos. Entretanto a Nutrição foi a forma que encontrei de atuar mais diretamente com pais e famíli, através da alimentação”, explica.

Entenda mais
a doença
Existem dois tipos principais de diabetes: o tipo 1, que geralmente aparece na infância ou adolescência, e o tipo 2 que se manifesta, na maioria dos casos, em pessoas acima dos 40 anos. 
No tipo 2, o pâncreas produz insulina, mas não o suficiente para cobrir as necessidades orgânicas. Todavia, se o paciente emagrecer ou deixar de usar cortisona, por exemplo, o pâncreas pode voltar a produzir esse hormônio em níveis adequados.
Já o diabetes tipo 1, muito mais frequente em crianças, decorre de uma falência total do pâncreas, que deixa de produzir insulina. 
Esse tipo de diabetes exige doses suplementares de insulina pelo resto da vida para que a pessoa possa levar vida saudável.