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'Mais Médicos’ não preenche um terço das vagas

Renan Vallim e Ivan Maldonado

| Edição de 18 de dezembro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Na região, das 23 vagas abertas no Programa Mais Médicos após a saída dos profissionais cubanos do país, 15 foram efetivamente preenchidas, o que equivale a dois terços do total. O prazo para a apresentação dos profissionais nos municípios foi encerrado ontem. Com isso, as oito vagas remanescentes no Vale do Ivaí poderão ser ocupadas por médicos de outros países.

Na área da 16ª Regional de Saúde (RS) de Apucarana, haviam 18 vagas, que antes eram ocupadas por médicos cubanos. Destas, 12 foram preenchidas por médicos brasileiros. As seis vagas restantes chegaram a ter médicos designados, mas os profissionais não procuraram os municípios para ocupar os cargos.
Em Apucarana, das 10 vagas em aberto, duas ficaram sem médicos. Em Califórnia, das duas vagas, uma foi preenchida. “Esperamos que a outra vaga em aberto seja preenchida na próxima fase do programa. É essencial termos o quadro de médicos totalmente preenchido na cidade”, afirma Paulinho Moisés (PP), prefeito de Califórnia.
Em Rio Bom, a única Unidade Básica de Saúde (UBS) do município está sem médico desde o último dia 8 e os pacientes da atenção básica estão sendo atendidos no Pronto Atendimento Municipal (PAM). "Hoje estamos descobertos", comenta o secretário de Saúde Luciano César Ferreira. Segundo ele, ainda não há expectativa de quando a vaga será preenchida. "Os municípios menores e mais distantes vão sofrer mais para resolver essa questão, já se esperava isso", comenta.
Em Borrazópolis, onde a vaga aberta pelo programa também não foi preenchida, a expectativa do município é que o médico cubano que já atuava na cidade retorne dentro da fase de seleção para estrangeiros aberta pelo Ministério da Saúde. "O médico que atuava aqui fez muitas amizades e os pacientes gostavam muito dele. Quase todo dia ele manda mensagens ou liga para cá", comenta a diretora de Saúde Vera Maria Silva. O município tem três UBS e mantinha três médicos na atenção básica. Com a falta de um dos profissionais, as consultas nas unidades estão sendo escalonadas.
A mesma situação ocorre em Grandes Rios. São três UBS e eram três médicos. O médico cubano que atuava no município atendia nos dois postos de saúde da zona rural dentro do programa Saúde da Família. Enquanto a vaga não for preenchida, o atendimento está sendo prejudicado.
Em Arapongas, havia apenas um cubano trabalhando. A vaga deixada por ele foi preenchida por um médico natural de Rondônia, mas que vivia em Londrina. “Ele já entregou a documentação e está em fase de mudança para a cidade. Como a secretaria está de recesso, ele deverá iniciar os trabalhos no município no dia 7 de janeiro”, explica Moacir Paludetto, secretário de Saúde de Arapongas. Mauá da Serra e Marilândia do Sul, que também tinham uma vaga cada, já estão com os médicos atuando nos municípios. (COLABOROU ADRIANA SAVICKI)

Regional aguarda novos candidatos
Nos municípios do Vale do Ivaí pertencentes à 22ª RS de Ivaiporã, dos cinco profissionais com registro no país que se inscreveram no Programa Mais Médicos para atuarem nos municípios escolhidos, só três se apresentaram. As duas vagas de Ivaiporã foram preenchidas, bem como a única em Lidianópolis. Em Manoel Ribas, nenhuma das duas vagas foi ocupada.
As inscrições para o programa foram abertas no dia 20 de novembro, com o objetivo de selecionar brasileiros para substituir os médicos cubanos. No dia 14 de novembro, Cuba decidiu retirar seus profissionais do país, citando “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras” feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Esta primeira fase era voltada para médicos brasileiros com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). As vagas remanescentes devem ser destinadas a profissionais formados no exterior.
José Roberto Fiorim, coordenador do programa na 22ª RS, está confiante no preenchimento das vagas disponíveis. “A maioria das vagas preenchidas até agora foram de médicos brasileiros com CRM que estavam no Programa Saúde da Família (PSF) e migraram para o ‘Mais Médicos’”.
A médica Fernanda Oliver Soares, iniciou as atividades na última quarta-feira (12), na UBS da Vila Monte Castelo, em Ivaiporã. Ela conta que tinha experiência de quase de dois anos no PSF na cidade de Doutor Camargo. “Vim para o programa porque eu gosto de trabalhar como médica da família, que atua na prevenção primária. Escolhi Ivaiporã por causa da região, que já era de meu interesse”, comenta.