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Morango em estufa ganha espaço na região

Ivan Maldonado

| Edição de 08 de julho de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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As plantações de morango estão saindo do chão. Muito usada por produtores italianos, americanos, o cultivo semi-hidropônico protegido foi implantada no país por produtores do Rio Grande do Sul e vem ganhando as propriedades no Vale do Ivaí. O sistema apresenta um menor número de pragas no plantio, maior aproveitamento de espaço e garante produção o ano inteiro, além de facilitar o manejo. 

Imagem ilustrativa da imagem Morango em estufa ganha espaço na região

No sítio Boa Esperança, em Ivaiporã, a produção de morango nesse sistema começou há 4 anos e o produtor Hesron Santos da Silva, só vê vantagens, principalmente em relação ao manejo. “Cultivamos morango há 22 anos e agora trabalhando em pé o serviço fica bem mais fácil. Além disso, é um sistema com tecnologia moderna, que garante a boa sanidade e assegura boa produtividade durante o ano inteiro. Esse sistema elimina os fungos de solo cerca de 90%”, relata Hesron. Antes a produtividade no solo na propriedade era de 800 gramas por planta por ano, agora o produtor tem colhido em média 1,3 quilo por pé. 
No cultivo tradicional, no solo e coberto com lona plástica o período de colheita vai de agosto a dezembro. No sistema semi-hidropônico é o ano todo. A variedade usada pelo produtor são as chilenas, Albion e San Andréas. “No tempo mais frio a colheita é a cada dois dias. Quando fica mais quente, a partir de setembro dá para colher todo o dia. Ele madura mais rápido por causa do calor. Nos dias mais frios o morango continua crescendo, mas demora um pouco mais para madurar”. 
Outro benefício é o maior aproveitamento do espaço. Em área de 1.350 metros quadrados Hesron tem aproximadamente 15 mil plantas, porém já tem projeto de ampliar o plantio com a construção de duas novas estufas.
Numa estufa com 5 m de largura e 50 m de comprimento pode-se colocar quatro bancadas com duas linhas de “slabs” (substratos prontos, já ensacados em “slabs”, com misturas mais padronizadas e prontas para plantio) num total de aproximadamente três mil plantas. Duas a 2,5 vezes mais plantas por hectare, se comparado ao plantio no solo. 
“Esses “slabs” vieram do Rio Grande do Sul, mas a compostagem não é muito difícil, pode ser feita com fibras de coco ou casca de pinus curtida. Essa aqui é com palha de arroz carbonizada e turfa que forma um filtro, que é a base onde as mudas são fixadas. Normalmente, um slab é trocado a cada três anos, mas se fizer uma boa condução pode chegar até a cinco anos. Os meus estão com quatro anos e por enquanto as plantas estão bem vigorosas e produzindo bem”. 
Toda a produção é vendida em Ivaiporã , o preço de mercado vária de R$ 6  a R$ 15 o quilo. “Hoje está na faixa de R$ 10 o quilo, mas na entressafra, que aqui na região vai de janeiro a maio, chega até a R$ 15, quanto menos produção maior o preço. Com a instalação de algumas redes de supermercado aqui na cidade, elas compram para abastecer os demais supermercados de outras cidades” . 
Ainda segundo o produtor, apesar das vantagens do morango semi-hidropônico, além do curso mais alto, o manejo e os cuidados têm que ser redobrados em relação ao cultivo convencional.
“É igual mexer com gado leiteiro, é feriado , frio ou chuva tenho que estar aqui acompanhando. Por conta da irrigação, tenho que fazer as medições da solução nutritiva, que é formulada com diferentes tipos de fertilizantes, quatro vezes por dia, se deixar de dar uma irrigada por dia, o morango já sente e não produz tanto”. 

Custo de instalação é mais alto
A engenheira agrônoma Ana Maria de Morais, da regional de Ivaiporã do Instituto Emater diz que a procura pelo sistema se justifica pelos benefícios que ele apresenta em relação à redução no uso dos químicos e maior qualidade dos produtos, além de melhorar a qualidade de vida do trabalhador rural.
“O sistema suspenso facilita as tarefas do trabalhador, o que proporciona ganho de mão de obra. Como há menor pressão de doenças de solo, o uso de pesticidas pode ser substituído por práticas culturais, uso de agentes de controle biológico e produtos alternativos, reduzindo drasticamente o risco de contaminação dos frutos, sem afetar a rentabilidade da produção. Tem um custo um pouquinho mais elevado para se implantar do que no solo porque se tem os investimentos nos cavaletes, na estrutura das estufas, mas a produtividade e qualidade do produto é bem melhor para o consumidor” enfatiza Ana Maria
Apesar do custo de implantação, Ana Maria diz que mesmo assim é uma atividade bastante rentável. “O mais caro é a estrutura da estufa e os cavaletes de amparo dos slabs, mas são fixos e o gasto maior e apenas na implantação, e esses investimentos vão se diluindo”.