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Novo perfil de insegurança

Renan Vallim e Ivan Maldonado

| Edição de 23 de julho de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Dos 26 municípios do Vale do Ivaí, nove deles não registram um único homicídio por pelo menos os últimos 18 meses. Se os índices de crimes contra a vida tem um padrão de primeiro mundo, o mesmo não pode ser dito em relação aos crimes patrimoniais. Nos últimos anos assaltos a bancos e também a residências é que têm tirado o sossego dos moradores dessas cidades, o que mostra um padrão
Somando o ano passado e o primeiro semestre deste ano, o Vale do Ivaí registrou 78 homicídios. Nenhum deles aconteceu nas cidades de Arapuã, Cruzmaltina, Godoy Moreira, Grandes Rios, Kaloré, Lidianópolis, Rio Bom, Rio Branco do Ivaí e Rosário do Ivaí.

Imagem ilustrativa da imagem Novo perfil de insegurança
Assaltos a instituições financeiras deixam moradores de Rio Bom com medo | Foto: Delair Garcia


Em Rio Bom, cidade com 3,3 mil habitantes, o clima de tranquilidade domina as ruas do município. Porém,  a calma é apenas aparente. “Antigamente, cidade pequena era sinônimo de tranquilidade. Hoje já não é mais assim”, diz Roseli da Silva, auxiliar de costura que mora em Rio Bom desde que nasceu.
A preocupação é real. Do ano passado até agora, a agência dos Correios de Rio Bom foi assaltada três vezes: em fevereiro e agosto de 2016, e em março de 2017. “Só conhecíamos isso pela televisão. Nem passava pela cabeça que coisas assim poderiam acontecer em uma cidade como Rio Bom. As pessoas sentem medo, algo que não sentiam antes. A paz das cidades pequenas acabou”, afirma o lavrador Luiz Ribeiro, que mora em Rio Bom há mais de 60 anos.
Por causa dos assaltos, o agricultor de Rio Bom, Sérgio Yamanaka, precisou colocar câmeras de vigilância em sua casa. “Nós saíamos de casa e nem trancávamos a porta. Ficava tudo aberto, porque não tinha esse problema. Hoje tem bandidos que assaltam a mão armada em pleno dia”, ressalta.

BANCOS
Outra preocupação da região são os ataques a bancos e demais instituições financeiras. Foram 11 ações deste tipo nos últimos 18 meses, entre assaltos a mão armada e explosões a caixas eletrônicos. 
Sem nenhum homicídio registrados nos últimos 18 meses, Rio Branco do Ivaí, Kaloré e Rosário do Ivaí registraram, de outro lado, assaltos e arrombamentos de agências bancárias. Essa mudança de perfil, exigiu novas respostas da polícia.
“Os criminosos mudaram a forma de agir, exigindo que a polícia se adaptasse a essa nova realidade. A Operação Cangaço (que prendeu 56 pessoas por envolvimento em crimes contra bandos) é um dos reflexos das mudanças. Há alguns anos atrás, cidades pequenas possuíam apenas um policial, que dava conta do trabalho. Hoje, o efetivo precisou ser ampliado. O armamento mudou também. Com os bandidos usando armas mais pesadas, todos os destacamentos da PM na região possuem um fuzil”, afirma Kelly de França, tenente do 10º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Apucarana.
Segundo ela, planos regionais também precisaram ser elaborados. “Equipes da ROTAM fazem, periodicamente, rondas nas cidades menores. Também existem planos de acionamento regionais, fazendo com que policiais de cidades vizinhas sejam deslocados para uma determinada cidade em caso de necessidade”, explica.

Cidade teve um homicídio em 10 anos 
Em 10 anos, o município de Lidianópolis registrou apenas um homicídio, em 2014. 
“No geral em comparação a outras cidades do tamanho da nossa, a criminalidade é bem baixa”, relata Idevaldo Viana, servidor público da prefeitura de Lidianópolis. 
Viana que, durante os anos de 1993 a 2002, foi delegado nomeado pela Secretária de Estado na cidade relata que nos nove anos que exerceu o cargo, o município também registrou poucos homicídios. 
“Na época que eu estava na delegacia acontecia um ou outro assassinato. Mas, hoje as pessoas são mais tranquilas e não portam armas de fogo e isso fez com que caísse bastante o número de homicídios”, argumenta Viana. 
O agricultor Cezar Augusto Guimarães, diz que a tranquilidade de Lidianópolis se deve também à participação dos moradores no combate ao crime. “Quando alguém cisma alguma coisa, ou inicia alguma confusão, geralmente liga para a polícia para tentar evitar algum problema maior”. 
Ernesto Pereira da Costa conta que se sente feliz em morar em Lidianópolis. Assim como em outras cidades, o que preocupa mais são furtos e assaltos.  “O que acontece de vez em quando são furtos. Que me lembro teve um roubo nos Correios, mas no geral é bem sossegado”.