OPINIÃO

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O político medíocre

Thiago Zardo

| Edição de 19 de agosto de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O filósofo argentino José Ingenieros em seu livro “O Homem Medíocre”, deixa registrada a frase: “As campanhas eleitorais tornam-se negócio sujo de mercenários ou briga de aventureiros. Sua justificativa está a cargo de eleitores inocentes, que vão à paródia das urnas, como se fossem a uma festa”. E em outro parágrafo ele constata: “os desonestos são uma legião; assaltam o Parlamento para se entregar a especulações lucrativas. Vendem seu voto a empresas que mordem os cofres do Estado; prestigiam projetos de grandes negócios com o erário, cobrando seus discursos a tanto por minuto; pagam seus eleitores com destinos e dádivas oficiais, comercializam sua influência para obter concessões em favor de sua clientela”. Eu concordo.

O politico medíocre é aquele político corrupto que faz parte de uma classe ordinária e sem vergonha na cara que só pensa em legislar em causa própria e que usa seus partidos como moeda de troca, que faz parte de uma gentalha desonesta que funda partido só para depois vender apoio político, ou trocar o apoio do partido fundado por cargo público, ou por dinheiro. Aliás, que faz parte de uma joça de lacaios que usa o partido somente com o propósito de enriquecer ilicitamente à custa do dinheiro do povo. Pois é, e é esse mesmo tipo de político, o medíocre, que está prestes a votar e aprovar a fraude chamada de “reforma eleitoral”. É uma fraude, primeiro porque o tal fundo partidário é uma afronta a qualquer cidadão que se encontra em sã consciência. Afinal mais de 3,6 bilhões de reais pra campanha eleitoral justamente quando o país enfrenta a maior crise econômica e política da história? Só pode ser piada! Segundo porque essa classe medíocre já recebe quase 1 bilhão de reais em recursos através do fundo partidário existente. E terceiro porque se falta dinheiro pra pagar professor, pra campanha não falta? Isso é de uma incoerência de dar nos nervos! Falta recurso pra investimento em infraestrutura, mas pra eleição não? Por que uma classe que não vale nada teima em custar tanto? Qual a explicação sensata para os políticos receberem mais dinheiro que a verba destinada à educação? Qual o motivo para tais parasitas estatais receberem mais recurso que os que são destinados às farmácias populares? Será que é mais importante o estado gastar bilhões em campanhas eleitorais do que na saúde pública? E, para não me estender demais, como será distribuída esta fortuna que poderá chegar a 6 bilhões de reais? Sim, dependendo da receita do Estado! Cadê a noção do ridículo? Isso deveria ser visto como um golpe, é inconstitucional! É uma questão de prioridade, pô!
Então fico a me perguntar: cadê a OAB? Cadê os movimentos sociais? Cadê a Procuradoria Geral de Republica? Cadê o povo brasileiro que não sai às ruas pra dizer que está contra essa cortina de fumaça disfarçada de “reforma política” que só serve aos políticos?
Disse certa vez o saudoso Paulo Francis: “O Brasil é um asilo de lunáticos onde os pacientes assumiram o controle”. Eu concordo. E para finalizar, uma frase de José Simão sobre o congresso brasileiro: “Se murar vira presídio, se cobrir com lona vira circo, se botar luz vermelha vira bordel e se der descarga não sobra nada”. Tem como discordar?