OPINIÃO

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​ Ora et labora

Por Rogério Ribeiro, professor e economista em Apucarana

| Edição de 13 de agosto de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A notícia de que a cidade de Apucarana liderou o ranking da geração de emprego no Paraná em junho foi muito comemorada e bem recebida. Mas, uma parte da população está se perguntando: onde é que estão estes empregos gerados? É verdade, a notícia é fato registrado no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho. 

Estamos no topo da geração de postos de trabalho do estado para o mês de junho e na quinta colocação no primeiro semestre do ano. Estamos comemorando a geração de 170 novos postos de trabalho em junho e 980 no primeiro semestre do ano. Muito pouco.
Os resultados obtidos se destacam porque o desempenho do país e do estado estão muito aquém do natural. A crise econômica e política travou a economia e a geração de empregos está nas mesmas condições, travada. O desemprego no país atingiu a marca histórica de 14 milhões de desempregados. E pelos caminhos que o governo federal está indicando para a política econômica não teremos reversão do quadro, de forma vigorosa, nos próximos anos.
O estado do Paraná fechou 3,5 mil postos de trabalho no mês de junho. Por isto os 170 novos empregos de Apucarana se destacaram. No primeiro semestre foram 21,6 mil postos de trabalho gerados no estado. Porém este número era o que acontecia num mês em períodos de prosperidade. O mesmo podemos dizer para Apucarana, pois em momentos de prosperidade o número absoluto de novos empregos era o dobro do atual. Nos últimos anos chegamos a ter 582 novos empregos gerados num só mês.
Temos que nos alegrar, sim, com os dados divulgados, mas sempre apelando para a racionalidade e para a prudência e compreender que a situação econômica do país, dos estados e, por consequência, dos municípios não está nada bem. 
Não é aceitável presenciarmos discursos de agentes políticos dizendo que os esforços para a geração de emprego e renda estão surtindo efeitos. Oras bolas, quais políticas para a geração de emprego e renda que estão sendo executadas de forma satisfatória? Com que régua é que medem estes resultados? Quais são as políticas efetivas de atração de investimentos que estão sendo implementadas no estado e no município?
Não deixemos nos enganar. O resultado dos empregos gerados não é por causa de nenhuma política pública, mas sim pela abnegação dos empresários do estado e do município. É claro que eles dependem, e muito, da conjuntura econômica e das decisões de políticas públicas. Por isto elas devem ocorrer.
O governo do estado do Paraná liquidou, de janeiro a junho deste ano, somente 32,1% do orçamento previsto para as ações de trabalho, agricultura, indústria, comércio e serviços. Praticamente o mesmo ocorreu com o município de Apucarana que liquidou somente 32,4% das ações previstas para a agricultura, comércio, serviços e trabalho, no mesmo período. Isto, lembrando que não existe uma função específica para a indústria no orçamento do município. No ano passado estado e município executaram 76,5% e 61,0%, respectivamente, nestas ações.
Com efeito a sociedade civil organizada tem discutido e tentado avançar no desenvolvimento do estado e do município, mas ainda é muito pouco. Pouco porque precisam de maior envolvimento de entidades e pessoas, mas principalmente por causa da conjuntura econômica adversa onde nossos agentes políticos se preocupam somente com o próprio umbigo e não com o conjunto da sociedade. 
Por conta disto tivemos, no passado, e teremos, no futuro próximo, anos difíceis para o crescimento econômico e para a geração de emprego e renda.
As políticas públicas devem acontecer de forma plena e com a participação dos empresários. E a sociedade tem que ter a compreensão que as coisas estão difíceis, mas que no próximo ano teremos a oportunidade de mudar os rumos deste país. Mudar através da escolha de agentes políticos que realmente se comprometam com a sociedade brasileira e não somente com os seus próprios interesses.