OPINIÃO

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Os liberais que me perdoem...

Por Irineu Berestinas, graduado em Ciências Sociais, de Arapongas

| Edição de 18 de setembro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Liberal, sim, ma non troppo... Dia desses assisti a uma entrevista de Eduardo Giannetti, em programa televisivo. Seguramente, um dos mais ecléticos intelectuais deste País. Transita, com enorme desenvoltura, pelas áreas da filosofia, economia e literatura. Interessei-me por sua proposta a respeito de que os preços do óleo diesel, da gasolina e do gás de cozinha, em face de afetar diretamente a todos os setores da população brasileira, com forte repercussão na inflação, quando são majorados, deveriam ser objeto de um colchão protetor, de modo a não permitir que as oscilações do câmbio e dos preços internacionais do petróleo os afetassem sobremaneira, como acontece nos dias de hoje. 

Coberto de razão está Giannetti. Liberal mas não tanto! É o que posso dizer sobre os liberais, sem negar que somente o funcionamento dos livres mercados é capaz de gerar bens e serviços na quantidade exigida por todos nós. Cabe esclarecer que o preço do barril de petróleo no mercado internacional é determinado pelo controle da sua oferta por parte da OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo), um cartel de natureza petrolífera, que tem a Arábia Saudita na liderança.
Sem sombras de dúvida é uma providência absolutamente necessária a proposta por Giannetti. Uma vez criado esse colchão protetor, é bom dizer que não seria um privilégio, mas sim um benefício que atinge a todos horizontalmente.
A meu ver, esse fundo poderia ser constituído, a título de exemplo, do seguinte modo: dos dividendos a serem recebidos pela união relativamente à sua participação acionária no capital da Petrobras; dos recursos advindos da concessão de áreas para extração do petróleo; dos recursos que hoje são utilizados pelos governos para enaltecer os seus “feitos” (em 2015, por exemplo, o governo do PT gastou com a Rede Globo 6,2 bilhões de reais); dos recursos repassados a ONGs notoriamente aparelhadas, cujos objetivos não são nada republicanos, as quais deixariam de receber esse dinheiro, que passaria a integrar o fundo ora proposto; do dinheiro em recuperação pela operação Lava Jato; da cobrança da dívida que temos para receber da Venezuela, Cuba, Bolívia, República Dominicana Angola, Moçambique e África do Sul, cujos empréstimos são no montante de 1,3 trilhão, segundo Luiz Carlos Mendonça de Barros, repassado pelo BNDES na era Lula/Dilma para financiar obras, tais como: portos, aeroportos, viadutos e metrô nesses países, notoriamente alinhados com a ideologia dos petistas. A título de exemplo: esse valor corresponde a 25 orçamentos do Estado do Paraná. Pasmem!
Esse é um assunto que merece a atenção dos candidatos presidenciais, porque, em face da política de preços de petróleo em vigor, é absolutamente necessário que busquemos uma saída para esse traumatizante problema, pois os preços do diesel, da gasolina e do gás de cozinha não podem flutuar ao sabor das variações aqui mencionadas. A greve dos caminhoneiros demonstrou a urgência em se pensar seriamente nessa questão. A par disso, também seria razoável dizer que jamais os preços internos do barril de petróleo podem seguir na esteira dos preços internacionais. Nesse quesito, o que dever ser levado em conta são os nossos custos e a margem de lucro da Petrobras. Inadmissível pegar carona externamente, seja na alta, seja na baixa... O norte são os custos internos!