A palestra de William Waack, realizada na noite de ontem, lotou o Cine Teatro Fênix, em Apucarana. O jornalista de 65 anos discorreu sobre a situação da política e da economia brasileira, sobretudo a crise econômica pela qual o país passa e as eleições marcadas para outubro deste ano. Antes do evento, Waack visitou a redação do jornal Tribuna do Norte, onde concedeu entrevista.
Ele afirma estar pessimista com relação ao futuro da economia do país. “Não vejo muita tranquilidade à frente. A economia depende basicamente da situação política, que promete permanecer instável e imprevisível por bastante tempo. A trajetória dessa crise fiscal precisa ser corrigida, pois as perspectivas são muito ruins, com juros altos, inflação e impossibilidade do governo de sequer manter o que já existe, sem nem falar da capacidade de investimento”.
Com relação às eleições, ele lamentou a visão que boa parte dos brasileiros tem do pleito. “O principal problema dessas eleições é o desencanto das pessoas. Me parece que, na situação atual, as pessoas perderam as esperanças no sistema político e isso nos coloca em uma situação peculiar, porque precisamos da política para encontrar respostas para os nossos problemas e, ao mesmo tempo, nós odiamos a política”, diz.
A ênfase na segurança pública permeando os debates políticos também rendeu uma reflexão do jornalista. “Uma surpresa para mim é que o medo e a insegurança só assumiram essa relevância agora. Um país com um índice de 60 mil mortos por ano é um país extremamente violento. Nós somos muito complacentes a este nível endêmico de violência, que nos torna uma das piores sociedades entre as nações democráticas”.
Por fim, Waack fez um resumo de como ele acredita que o presidente Michel Temer (MDB), que está em seus últimos meses no poder, será lembrado. “Temer será lembrado pela tentativa fracassada e falida em tentar estabilizar a economia, depois do desastre promovido pelos governos sucessivos do PT. Ele até apontou na direção certa, mas se propôs a fazer muito pouco diante da dimensão da crise política. Ele entrará para a história como alguém que fez muito pouco e muito tarde”.
Colunista do jornal “O Estado de S. Paulo”, William Waack trabalhou durante 21 anos na TV Globo. Até 2017, o jornalista apresentava o “Jornal da Globo”, tradicional jornal de fim de noite da emissora. Ele também passou por vários outros veículos tradicionais, como a revista Veja e o Jornal do Brasil. Waack trabalhou como correspondente internacional (Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia e Oriente Médio) por 20 anos.
O evento faz parte do Ciclo de Palestras, que está em sua quarta edição. O projeto é realizado pelo jornal Tribuna do Norte, site TNOnline, Acia e Fórum Desenvolve Apucarana. A palestra de ontem foi patrocinada pela Agência de Fomento do Paraná, Sicoob, Sancor Seguros, Dinardi Engenharia, Benefícia Corretora de Seguros, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e SINDCCON, contando ainda com apoio da Prefeitura de Apucarana, Sebrae, Ahead Coworking e Pixel Comunicação.