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Pandemia reduz em 44% denúncias ao Conselho Tutelar

Da Redação

| Edição de 23 de julho de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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As denúncias registradas pelo Conselho Tutelar de Apucarana caíram 44% durante a pandemia de coronavírus. Dados do órgão revelam que 37 notificações foram registradas no segundo trimestre deste ano, contra 66 no mesmo período do ano passado. No comparativo semestral houve queda de 19,2% (veja no infográfico). Os números se referem à denúncias envolvendo violência sexual, física, maus-tratos, negligência, abandono de incapaz, entre outras violações de direitos. Na opinião de especialistas, a redução é reflexo do isolamento social. 
O levantamento do conselho mostra que a maior queda foi registrada em abril 66,6%), logo após a suspensão das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas do município, além de outras atividades por conta da Covid-19. A promotora de Justiça Fabiana Pimenta Soares, titular da 3ª Promotoria da Infância e Juventude da comarca de Apucarana, observa que o isolamento social imposto pela pandemia fez com que as crianças e adolescentes deixassem de frequentar os espaços sociais, dificultado o contato com pessoas de confiança que poderiam ajudar a identificar mudanças no comportamento ou até conseguir relatos da violência. 
“Estima-se que em 90% dos casos, a violência contra criança e adolescente ocorre dentro de casa. E dentro dessa proporção, a violência é praticada por alguém próximo. Quando deixam de frequentar a escola, posto de saúde, casa de familiares, avós, ficam cercados dentro do local que os expões ao maior risco”, analisa. 
De acordo com a promotora, a queda nas denúncias durante a pandemia da Covid-19 é uma realidade mundial. No Brasil, estima-se uma queda de 18% somente em abril pelo disque 100. Conselheiro tutelar André Reis Avelar, também acredita que a redução nas denúncias seja um reflexo da suspensão nas aulas presenciais, pois segundo ele, grande parte dos casos chega até o conselho por meio da escola.  “Os professores criam uma relação próxima com os alunos e têm a habilidade de reconhecer mudanças no comportamento deles. E com a ausência desse contato, eles não estão vendo esses sinais de violência”, comenta. 
Avelar não descarta a possibilidade de haver aumento dos casos, que por conta da pandemia, são subnotificados. “No meu ponto de vista, pode ter aumentado as violações aos direitos das crianças, mas por conta de estarem em isolamento social, esses números ficam escondidos”, acredita.