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Pedestres vão ganhar travessia na zona norte

Aline Andrade

| Edição de 13 de setembro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O juiz da Vara da Fazenda Pública, Rogério Tragibo de Campos, determinou à Prefeitura de Apucarana a elaboração de um projeto e construção, em prazo de 60 dias, de um acesso alternativo para pedestres que passam sobre a linha férrea na região que faz ligação entre a Vila Apucaraninha e Vila Regina. O assunto vem sendo discutido desde 2013 e, de acordo com a Procuradoria do município, a ordem judicial deverá ser cumprida pela prefeitura, que não vai recorrer da decisão.

“Há alguns anos foi firmado um acordo com a ALL, antiga concessionária da ferrovia, para a construção de uma passarela no local, e a empresa chegou a disponibilizar R$ 100 mil para a construção, porém, o custo estimado da obra já na época era de R$ 500 mil. O município estava tentando viabilizar um acordo para que a empresa arcasse com a metade das despesas para a construção, mas o juiz entendeu que a prefeitura é a responsável e deve arcar com o projeto e a construção. Vamos cumprir a decisão e correr para atender ao prazo determinado”, afirmou o procurador do município Paulo Vital.
O secretário de Obras do Município, Herivelto Moreno, garante que cumprir a determinação judicial em 60 dias não será tarefa fácil. “Nossa maior dificuldade é encontrar um engenheiro habilitado para fazer um projeto como este dentro das normas necessárias. A concessionária da ferrovia indicou um profissional de São Paulo para o trabalho e vamos entrar em contato. Estamos correndo contra o tempo”, disse.
De acordo com Moreno, o acesso aos pedestres vai iniciar no nível da linha do trem e levar até o viaduto construído acima da linha. “Não se trata de uma passarela e sim, de uma rampa de acesso para os pedestres chegarem ao viaduto que sobrepõe a linha férrea”, explicou.
Moradores da região, que passam diariamente pelo local  - a passagem mais comum é pelo final da Rua Professor Isidoro Luis Cerávolo  - comemoram a decisão da justiça. É o caso do balconista Mikael Henrique dos Santos, que já sofreu um acidente no local, ao atravessar a linha férrea. “Essa passagem para nós é um perigo. Eu já quebrei a perna aqui tentando atravessar enquanto o trem estava parado. Quando eu pulei o trem se mexeu e eu caí. Aqui passam crianças todos os dias pra ir e voltar da escola. É muito ruim. Com uma passarela melhorava muito”, disse.
A estudante Eduarda Vermont também passa pelo local diariamente e conta que muitas vezes o trem parado na linha acaba atrasando quem precisa atravessar para chegar ao trabalho. “Muitas vezes precisei passar enquanto o trem estava parado. Atrasa a gente, sem contar que é perigoso, tem muitos acidentes aqui”, afirma.
A caseira Marinês Stigari mora próximo à linha férrea e acredita que a construção de um acesso para pedestres pode melhorar a vida de quem passa por ali diariamente. “Vai ficar mais fácil e mais seguro para atravessar. Minha vizinha já se acidentou aqui na linha e quebrou o joelho. Precisa mesmo de alguma coisa pra melhorar”, disse.
Em abril deste ano, um rapaz de 29 anos morreu em acidente envolvendo trem no local onde a passarela deveria ser construída. Moradores chegaram a realizar um bloqueio da linha férrea em protesto na época.

Discussão
desde 2011
A construção de uma alternativa para os pedestres na região da Vila Apucaraninha se arrasta desde 2011, quando foi impetrada uma ação civil pública pedindo o dispositivo após uma série de acidentes graves.
Na atual gestão, o assunto voltou a ser discutido pelo município e América Latina Logística (ALL), concessionária que administrava a ferrovia na época.
Em 2014 foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), entre o Ministério Público, a ALL e a Prefeitura de Apucarana, definindo que município e concessionária deveriam custear a construção da passarela para pedestres. Um projeto executivo do Instituto de Desenvolvimento, Pesquisa e Planejamento (Idepplan) chegou a ser entregue ao setor de Engenharia da ALL em Curitiba, porém, nunca saiu do papel.
O projeto previa uma passagem a ser construída junto ao viaduto da Rua José Francisco Ferreira, no conjunto Vale do Sol composto de 30 metros de escadas e mais 30 metros de área de travessia.