OPINIÃO

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Pedra sobre pedra

Por Rogério Ribeiro, economista, professor universitário e vice-presidente para assuntos de controle social do Observatório Social de Apucarana

| Edição de 19 de janeiro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O ano de 2019 já chegou e os eleitos para os cargos executivos já assumiram suas novas funções. Da mesma forma, a maioria dos eleitores começou o ano ainda sob o efeito do transe a que foram acometidos no período eleitoral. Os apoiadores dos derrotados criticam tudo e torcem para que as coisas piorem e os apoiadores dos vencedores ainda acreditam que os escolhidos resolverão todos os problemas da sociedade. Sabem de nada, inocentes.

Sem querer fazer uma digressão temos que compreender que a escolha dos gestores públicos, em especial os agentes políticos, é constantemente falseada e conduz os eleitores a efetuarem escolhas passionais, sem o mínimo de critério técnico acerca da capacidade e qualidade de gestão. Com efeito, temos muitos aventureiros ocupando cargos de prefeitos, governadores e até nos cargos máximos de muitas nações.
Sempre quando iniciam uma campanha eleitoral apontam que farão uma campanha propositiva, com a apresentação de soluções para todos os problemas existentes. E o povo, inocente, acredita neles e votam.
Não se trata de criar um mantra contra os agentes políticos, mas muitas pessoas já estão cansadas de ouvir a mesma ladainha saindo da boca dos políticos quando estão em campanha. Afirmam que resolverão todos os problemas existentes e quando assumem não cumprem com o prometido e ainda falam que precisarão de dois mandatos para conseguir resolver todos os problemas existentes.
A situação econômica e social de nosso país está longe de melhorar, pelo menos se considerarmos que todos os eleitos ainda praticam a velha política. No período eleitoral eles eram a solução e quando assumem os postos executivos começam as alegações que estão pegando o município ou o estado sem dinheiro, endividado e com total desequilíbrio nas respectivas finanças. Hipócritas. Será que eles não sabiam a que estavam se candidatando? Se um candidato não conhece a realidade do que está querendo assumir ele não merece ser eleito. A maioria dos estados brasileiros está em dificuldades financeiras. O mesmo acontece com os municípios e com a própria União. 
Os novos governadores dos estados de Roraima, Rio Grande do Norte e Mato Grosso tão logo assumiram já decretaram situação de calamidade financeira. Estes se somam aos estados de Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais que já estavam nesta situação. Também está ocorrendo uma verdadeira “procissão” de governadores a Brasília para pedir socorro para o governo federal. Talvez o próximo estado a declarar a calamidade financeira seja o de Goiás onde cerca de 80% da receita líquida está comprometida com folha de pagamento. Também estão no mesmo grupo de Goiás os estados de Pernambuco, Bahia, Sergipe, Distrito Federal e Santa Catarina. 
O estado do Paraná está numa situação financeira considerada fraca, juntamente com Maranhão, Piauí, Mato Grosso do Sul e Alagoas. A pequena vantagem é que foram feitos dois ajustes fiscais recentes que deram um fôlego para as finanças paranaenses, mas o novo governo criou um grupo de trabalho para identificar a real situação financeira do estado.
A causa dos problemas financeiros dos municípios, estados e União é produto de relações políticas nefastas ao interesse público ao longo dos anos, mas entra governo e sai governo e nenhum dos gestores irresponsáveis é punido pelos malefícios cometidos nas finanças públicas. Pelo contrário, com o poder da propaganda alguns ainda são lembrados com certo saudosismo. A população tem que ser mais cética e acompanhar de forma mais próxima como os gestores gastam os recursos públicos, caso contrário não sobrará pedra sobre pedra