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Pichação gera críticas em Apucarana

Renan Vallim

| Edição de 26 de fevereiro de 2017 | Atualizado em 25 de fevereiro de 2017

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A discussão em torno das pichações e do grafite ganhou ainda mais força desde o começo do ano, quando o prefeito de São Paulo, João Dória Jr. (PSDB), determinou que muros fossem apagados, gerando muitas críticas e elogios. Em Apucarana, o tema também é controverso. Apesar de fazerem coisas bastante diferentes, grafiteiros e pichadores dividem espaço nas paredes de vias públicas e também as opiniões da população.

Imagem ilustrativa da imagem Pichação gera críticas em Apucarana
Pichação no Clube 28 de Janeiro, em Apucarana: indignação (Foto: Sérgio Rodrigo)

O aposentado Nivaldo Fontanini reclama das constantes pichações no muro da sua residência. Ele já pintou o espaço algumas vezes. Mas, segundo ele, não adianta: poucos dias depois de pintar, os pichadores reaparecem e picham por cima. “Não dá para entender o porquê de alguém fazer isso na parede dos outros. Acredito que alguém com educação não faz uma coisa dessas. Acredito que precisamos de mais policiamento para tentar coibir esse tipo de prática”, afirma.

As forças de segurança afirmam estar atentas. Na semana passada, a Guarda Municipal prendeu um homem de 25 anos, suspeito de pichar empresas e prédios públicos, como o Centro Pop e o Ginásio do Lagoão. Com ele, foram encontradas latas de tinta spray.

No entanto, para algumas pessoas, mais policiamento não é a solução. “Acredito que seja falta de ocupação. A maioria são jovens que fazem isso de madrugada. Acredito que falta educação. Essas pessoas precisavam estar ocupadas, estudando ou trabalhando”, afirma Vitor Israel, proprietário de uma loja de eletrônicos que teve a fachada praticamente toda pichada.

Praças públicas são muito visadas pelos pichadores. A Praça das Personalidades, junto ao Cemitério da Saudade, é exemplo disso: coberta pelos caracteres ininteligíveis dos pichadores, o local passou a ser menos frequentado. A Praça 28 de Janeiro e o clube de mesmo nome também são alvos.

“Ninguém entende o que eles escrevem. Chegaram inclusive a entrar na sede do clube e pichar as paredes. É complicado, desanima, porque sabemos que se pintarmos o clube, eles vão pichar novamente. Existem aqueles que fazem desenhos bonitos, artísticos. Mas muitos só escrevem essas coisas que ninguém entende”, afirma Claudemir Pontin, presidente do clube.

GRAFITE
Os desenhos a que Pontin se refere são chamados de grafite, algo diferente de pichações. O grafite atualmente é bastante valorizado, inclusive com artistas expondo seus trabalhos nas maiores galerias de arte do mundo, como Nova York, Londres e Paris.

“Acho pichação algo muito feio. A cidade fica feia. Acredito que haja formas mais interessantes de utilizar a inteligência e as habilidades”, afirma Carlos José da Silva Júnior. Mancha, como é conhecido, é grafiteiro profissional. Faz desenhos sob encomenda em muros de Apucarana e também ensina a arte a crianças no Centro da Juventude.

“O grafite é arte. O grafiteiro estuda a arte, desenvolve técnicas e busca se desenvolver como artista, fazendo obras que digam algo para as pessoas. Pichadores só repetem uma marca, não estudam as técnicas”, diz ele, que começou a grafitar com 14 anos.

Mancha acredita que criminalizar ainda mais a pichação não é a solução. “Já é criminalizado e não adiantou até agora. Acredito que dar educação e orientar esses jovens é a melhor solução”, diz.