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Polo moveleiro foca no mercado europeu

Renan Vallim

| Edição de 21 de julho de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Registrando crescimento no mercado externo ao longo dos últimos anos, o setor moveleiro de Arapongas poderá se beneficiar do acordo histórico firmado entre Mercosul e União Europeia. A expectativa do setor é aumentar participação nos países europeus e conquistar novos mercados.

Imagem ilustrativa da imagem Polo moveleiro foca no mercado europeu

Assinado em Bruxelas no fim de junho, o acordo entre os dois blocos econômicos deverá impactar setores importantes da economia brasileira. O tratado, que ainda precisa passar por aprovações no parlamento europeu, constituirá um amplo território de comércio livre.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), Irineu Munhoz, adianta que os benefícios ao polo moveleiro não serão imediatos. “O acordo deve ser ratificado pelos parlamentos, em primeiro lugar pelo parlamento europeu e depois pelos parlamentos de cada país assim como pelo Brasil. Isso será feito com certeza mas tem um tempo e depois vem a redução dos impostos de importação, esse processo deve se completar em 2 anos”, observa Irineu.
Ele considera que os acordos internacionais são essenciais para a indústria em geral, ainda mais se tratando da União Europeia, considerada um bloco de economia robusto. O presidente do Sima espera que após os trâmites legais, surjam muitas oportunidades aos setores industriais, consequentemente, ao setor moveleiro, com crescimento das exportações, oferta de produtos, e consequentemente, geração de novos empregos. “É uma nova possibilidade de mercado, já que nosso polo praticamente não exporta para a Europa”, afirma.
De acordo com ele, é necessário estudar o mercado europeu e preparar as empresas para desenvolver produtos adequados à demanda desta nova vertente comercial. “A cada dia que passa as empresas de Arapongas têm que estar investindo e inovando para poder competir em todo e quaisquer mercados”, assinala.
EXPORTAÇÕES
Nos últimos anos, o polo moveleiro de Arapongas viu nas exportações uma das principais saídas para superar a crise econômica nacional, iniciada em 2013. No entanto, o mercado europeu nunca foi um dos principais destinos dos produtos araponguenses.
De acordo com o Ministério da Economia, Arapongas exportou US$ 27,3 milhões neste primeiro semestre de 2019. A cada três dólares exportados por Arapongas no período, dois são provenientes do setor moveleiro, o que equivale a US$ 18,2 milhões.
América do Sul e Ásia concentram quase 80% do que é exportado por Arapongas. A liderança fica com os países sul-americanos: foram US$ 14,3 milhões negociados com outras nações do nosso próprio continente neste semestre, o que equivale a 52,4% do total. Já a Ásia comercializou em torno de US$ 7,4 milhões, ou 27,1% do total exportado. A Europa, hoje, é o quinto continente em termos de exportação, o que equivale a apenas 3,7% das exportações nestes primeiros seis meses do ano, ou cerca de US$ 1 milhão.

Oportunidade para indústria
Para José Lopes Aquino,   proprietário de uma empresa de móveis de Arapongas, que exporta para 20 países, o novo acordo pode mudar o perfil de mercado. “Hoje, exportamos muito pouco para países europeus. Acredito que o acordo dá mais condições para as nossas indústrias. O momento, inclusive, é muito bom, com a taxa de câmbio favorável para esse tipo de transação”, afirma.
“Na Europa, exportamos apenas para a França, que na verdade funciona como intermediário para outros países. Ou seja, para a Europa não vai nada praticamente. Portanto, o acordo entre Mercosul e União Europeia pode ser uma grande oportunidade para a indústria, que passa a ter acesso a um mercado de aproximadamente 800 milhões de pessoas”, ressalta.
No entanto, ele também enxerga alguns complicadores. “Num primeiro momento, pode ser complicado para alguns setores, que terão um aumento de concorrência com estes produtos europeus no próprio mercado interno. Mas o aumento da concorrência também leva a uma busca por melhorias, investimentos, saídas criativas e outros avanços, o que é positivo. Além do mais, o mercado europeu é mais exigente do que em outros continentes, com normas mais rígidas, o que deverá exigir uma adaptação dos empresários locais. Mas no geral, o impacto do acordo deverá ser positivo”, diz.