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Português para estrangeiro ler e falar

Fernanda Neme

| Edição de 11 de março de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A língua é o principal desafio de quem muda de país, tanto em relação a empregabilidade quanto de acolhimento do estrangeiro. Em Arapongas, vinte e oito haitianos tentam ultrapassar essa barreira frequentando  curso de Português para estrangeiros. As aulas são ofertadas no Colégio Estadual Antônio Racanello Sampaio.

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A escola é a única cadastrada do Núcleo Regional de Educação de Apucarana (NRE) no programa de cursos de Português para Falantes de Outras Línguas (PFOL), da Secretaria de Estado da Educação. Nas aulas, que acontecem às segundas e quartas, a partir das 19 horas, está um dos primeiros alunos inscritos e um dos primeiros interessados, o operador de máquinas Maxo Metellus, 39 anos. 
Há quatro anos, quando veio do Haiti para morar no Brasil, foi até o Colégio Estadual Antônio Racanello Sampaio matricular sua filha e acabou conversando sobre a dificuldade do idioma com a diretora da instituição, Ione Dias de Oliva. “Pedi a ela que me desse aulas de Português, pois iriam me ajudar muito a conseguir emprego. Fico muito feliz que deu certo e agradeço muito”, comemora. 
Para ofertar o curso era preciso ampliar o número de alunos e formar uma turma, o que foi acabou acontecendo graças ao empenho de Maxo junto à comunidade haitiana do município.
Maxo, como muitos haitianos, domina francês, espanhol e um fala pouco de inglês. Ele participa das aulas com objetivo de ter domínio em Português suficiente para fazer concursos. “Quero fazer um curso aqui no Brasil e tem a prova que é toda em Português, claro. Fica difícil se não entende muito bem a língua”, acrescenta. 
Outra aluna do curso é a esposa de Maxo, Yolande Tissus Metellus, 35 anos. A auxiliar de serviços gerais também vê no estudo um passaporte para um emprego melhor. “No começo, quando chegamos, foi mais tranquilo para conseguir emprego, mas depois veio a crise e dificultou um pouco. Por isso, acredito que é importante saber falar Português e escrever também, algo que ainda não sei. As aulas estão me ajudando muito”, conta. 
As aulas também estão sendo importantes para Sophia Dorélus, 40 anos. Ela veio do Haiti para o Brasil há um ano e 6 meses com um amigo e diz ter se adaptado bem no Brasil “As pessoas são boas e foi fácil morar no Brasil”, conta. Sophia era professora e secretária no Haiti e fala francês, crioulo (língua típica do país derivada do francês), além de dominar um pouco o espanhol. “As aulas vão me ajudar muito a conseguir trabalho e a me comunicar melhor”, conta.
A oferta do curso faz parte do Plano Estadual de Políticas Públicas para Promoção e Defesa dos Direitos de Refugiado, Migrantes e Apátridas do Paraná do Governo do Estado. O curso de Português para Falantes de Outras Línguas (PFOL) é ofertado em 14 escolas estaduais em municípios com maior concentração de colônias estrangeiras nos municípios de Curitiba, Arapongas, Cascavel, Londrina, Cambé, Jaguapitã, Rolândia e Nova Laranjeiras.

Troca de experiências
O curso de Portguês, segundo Ione Dias de Oliva, diretora do Colégio Estadual Antônio Racanello Sampaio, é uma promoção da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, modalidade Celem Centro de Línguas Estrangeiras Modernas. “A finalidade do curso é alfabetizar alunos estrangeiros para que eles possam ser inseridos no mercado de trabalho e possam se comunicar em Língua Portuguesa”, explica. 
A diretora diz que o curso começou este ano no Paraná e atende em Arapongas, principalmente a comunidade haitiana da Vila Araponguinha, radicada no bairro do colégio. “Se tivéssemos espaço físico, poderíamos abrir outra turma no matutino para os haitianos que trabalham à noite e querem estudar”, acredita. 
Ione conta que quem leciona as aulas é a professora Ana Cristina, experiente alfabetizadora, que está assistindo aulas de fonética em francês para facilitar a aprendizagem dos fonemas da língua portuguesa pelos alunos que falam francês, crioulo e espanhol . “Temos alunos com formação em várias áreas e estudar para essa comunidade é muito importante, eles valorizam demais a escola. Para nós está sendo uma experiência excelente”, finaliza a diretora.