Mais de 900 crianças paranaenses esperam por uma família. Os números são do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), sistema criado no Brasil para dar maior transparência ao processo é para centralizar informações a respeito do tema. Do outro lado, 4.028 paranaenses estão na fila para criar novas famílias. O número refere-se aos cidadãos que já passaram pelo criterioso processo de habilitação judicial e,de fato e direito, podem adotar.
Como se vê, a conta da adoção não fecha. Em Apucarana, segundo dados da Comarca local, para cada criança apta para adoção - hoje são seis - são seis candidatos à pais e mães. Em Arapongas, a fila de habilitados está em 40 pessoas, mas atualmente não há nenhuma criança que necessite de uma nova família.
Se de um lado há mais habilitados que crianças disponíveis, a pergunta é porque ainda temos 900 crianças esperando por um lar? A resposta está relacionada com o que se espera a respeito da adoção.
Segundo dados do CNA, das 2,3 mil crianças que estão no sistema de adoção e nos três estados da região, 71% tem mais de 6 anos. E idade, quando se fala em adoção, é um fator que corre contra a criança. Quanto mais o tempo passa, menor a chance de se encontrar e criar uma nova família. Segundo o CNA, quase 55% de todos os pretendentes à adoção (37.283) só aceitam crianças de zero a três anos. Este número cai drasticamente com crianças maiores de seis anos. Apenas 6,81% aceitam meninas ou meninos de 7 a 9 anos. E a taxa piora ainda mais dos 10 aos 17, indo para 1,92%. Enquanto isso, a realidade nos centros de acolhimento é inversamente proporcional. Ou seja, ao chegar na adolescência, a possibilidade reduz significativamente. Problemas de saúde e irmãos - uma vez que a justiça tenta manter esse vínculo familiar - também são características que atrasam ou mesmo inviabilizam o processo de adoção.
Do outro lado da fila, a situação é a mesma. Quanto maior o nível de exigências em relação a adoção, ao perfil da criança que se quer adotar e quanto maior as exigências, seja em relação a raça, cor, idade ou estado de saúde, mais tempo vai transcorrer até que essa possibilidade se concretize.
Aproximar homens e mulheres desejosos de ser tornarem pais e mães de crianças que enfrentam a terrível realidade de não ter um lar é um desafio e isso implica principalmente em quebrar paradigmas a respeito da adoção. É fato que o preconceito vem diminuindo, mas ainda há muito a se avançar nesse quesito.
Adoção é primariamente um ato de amor e de solidariedade. Criar barreiras e expectativas que não se cumprirão para que esse sentimento se concretize na forma de uma nova família não ajuda nem a quem quer adotar nem as crianças que precisam de um lar.
OPINIÃO
MAIS LIDAS
-
Cidades
24/04Dupla armada executa jovem de 22 anos no Jardim Apucarana
-
Cidades
24/04Apucarana detecta 1º caso da febre oropouche em homem de 57 anos
-
Cidades
23/04Fábrica clandestina produzia 100 mil cápsulas por dia em Jandaia
-
Reunião
24/04Fiação solta na rede elétrica gera reclamações em Arapongas
-
Prisões
24/04Defesa de vereadora de Cambira nega envolvimento com tráfico de drogas