OPINIÃO

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Preocupação com vacinas deveria ser algo rotineiro

Da redação

| Edição de 12 de março de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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As mortes do pequeno Arthur Araújo Lula da Silva, 7 anos, neto do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo, em 1º de março e do adolescente João Pedro Ferrari, 16 anos, que morreu no mesmo dia em Capanema, oeste do Paraná, são apontadas como os principais motivos para a recente corrida a postos de saúde e também a clínicas privadas de imunização em busca de vacinas contra a meningite. Criança e adolescente foram vítimas de meningite meningocócica, uma das formas mais agressivas da doença cujos casos são caracterizados por uma evolução muito rápida.

A meningite é causada por uma série de agentes patológicos: vírus, fungos e bactérias. No caso da forma bacteriana, na qual se inclui a meningite meningocócica, são 15 tipos. Por conta disso, o esquema vacinal do Ministério da Saúde oferta um leque de vacinas dos agentes com incidência mais recorrente. Na rede privada, as vacinas disponíveis abrangem exatamente os grupos que não são cobertos pela política nacional de vacinação.
Nas clínicas da região, os estoques – que não são altos tendo em vista que o imunizante custa entre R$ 300 e R$ 550 – já acabaram. Nas UBS, a corrida por vacinas também virou regra nos últimos dias.
A atual situação, de postos cheios de pessoas em busca de vacina, infelizmente, está longe de ser uma rotina. Pelo contrário. Desde 2017, a baixa cobertura vacinal tem se tornado assunto frequente e um desafio a ser enfrentado pelo Ministério da Saúde. 
Mesmo com maior mobilização e novas campanhas, as principais vacinas do calendário infantil no Brasil seguem abaixo dos percentuais de 90% a 95% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados preliminares divulgados em outubro do ano passado pelo Ministério da Saúde apontam, até agosto, que a cobertura vacinal das doses indicadas para crianças com até 23 meses de vida variava de 53% a 75%.
É perfeitamente compreensível que casos que ganham muita repercussão acabem gerando respostas na população por conta da comoção envolvida. O que não se pode compreender é seja necessário morrer crianças para que a população tome consciência de quão fundamental é para saúde dos filhos manter a carteirinha de vacinação em dia.