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Produtores calculam prejuízos da geada

Ivan Maldonado e Aline Andrade

| Edição de 09 de julho de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O impacto da geada que atingiu a região no último final de semana foi grande para a agricultura. As culturas mais afetadas foram as hortaliças, que tiveram 100% de perdas nas plantações a céu aberto. As plantações de café, tomate, bananas e pastagem também foram bastante afetadas. A previsão é que os preços destes alimentos disparem nos próximos dias.  
De acordo com Adriano Nunomura, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) de Apucarana, que atende a 13 municípios na região, o levantamento está em fase preliminar, mas já aponta para grandes prejuízos em alguns setores. “Tivemos perdas significativas na produção de tomate em Marilândia do Sul e também nas bananeiras de Novo Itacolomi. Preliminarmente podemos dizer que 60% da produção das duas culturas foi atingida. Os levantamentos ainda estão sendo realizados, porém podemos esperar uma alta no quilo do tomate na região, que deve ultrapassar os R$ 10”, revelou. 
No caso do café, que está em fase de colheita, os frutos não foram atingidos, mas a próxima safra poderá ser prejudicada pelas folhas que foram queimadas nesta geada. “O café foi atingido, principalmente em Apucarana e Arapongas, mas como já está em fase de colheita e mais da metade já foi colhido, os reflexos dessa geada só serão sentidos na próxima safra, que deverá ter o potencial produtivo diminuído”, explicou o técnico. 

Imagem ilustrativa da imagem Produtores calculam prejuízos da geada

inda de acordo com Nunomura, cerca de 60% de todo o trigo plantado na região está na área considerada crítica da geada, mas os sintomas da planta demoram até 8 dias para aparecer.  Ele explica que os cálculos reais de perdas só poderão acontecer dentro de uma semana. “Estamos fazendo ainda um levantamento mais apurado, conversando com produtores e visitando plantações para termos a dimensão exata dos impactos da geada nos municípios da região, o que deve acontecer dentro de uma semana aproximadamente”, afirma. 
Cleiton Almendro Rodrigues é produtor de hortaliças na zona sul de Apucarana. De acordo com ele, o saldo da geada do último final de semana foi bastante negativo na sua plantação. “Só salvou o que estava na estufa, cerca de 40% de toda produção. Todo o restante plantado a céu aberto foi queimado pela geada”, lamentou o produtor, que perdeu canteiros inteiros de alface quase em ponto de colheita. Ele também estava calculando prejuízos.

IVAIPORÃ
Na região de Ivaiporã, os danos mais severos foram registrados nos cafezais, porém, as perdas podem se estender ao trigo, milho, hortaliças, pastagem e outras lavouras suscetíveis ao fenômeno climático. 
“Atingiu não só o café mas também um pouco das lavouras de milho safrinha que estavam no final da maturação, o trigo também nas áreas mais baixas. Por enquanto não é possível mensurar os prejuízos, apenas ao longo da semana será possível saber o tamanho da quebra”, comentou engenheiro agrônomo Sergio Carlos Empinotti, do Deral de Ivaiporã. 
Com relação ao café, Empinotti relata que a perda maior é para a safra do próximo ano. “Para a colheita agora que está pela metade, teremos uma quebra em torno de 20% do que não foi colhido ainda. Para o ano que vem, a expectativa é de uma quebra de aproximadamente 50% de toda a produção, e tem lavouras que vão se recuperar só daqui há 2 anos”, destaca. 

Reflexos vão chegar 
ao consumidor final
Zacarias Baganha é produtor de hortaliças na região do Barreiro, zona norte de Apucarana. Ele, que também é presidente da Feira do Produtor da cidade, conta que perdeu toda a plantação de hortaliças e leguminosas na geada do fim de semana. Baganha afirma que a população não vai encontrar muitos produtos nas bancas e pode preparar o bolso para os aumentos nos próximos dias.
“Somos cerca de 80 produtores da cidade que abastecem a Feira e perderam quase toda a produção. Vai faltar verduras em geral e legumes como abobrinha, pepino, chuchu, pimentão, entre outras que queimaram na geada e o que sobrou vai ter preço mais alto com certeza”, alertou.  O produtor afirma que da sua produção pouco se salvou e o prejuízo pode chegar a R$ 30 mil.
De acordo com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), para o Norte do Estado não há previsões de novas geadas pelos próximos 15 dias. Estão previstas geadas fracas e moderadas nos próximos dias apenas na região Oeste do Paraná e Campos Gerais.

Cafeicultores terão maiores prejuízos na safra do ano que vem
O cafeicultor Walter Marcomini da localidade de Estreito no Jacutinga, em Ivaiporã, que no ano passado conquistou o concurso Café Qualidade, etapas estadual e o nacional, contabiliza os prejuízos com a geada. Segundo ele, para a safra que está sendo colhida as perdas devem superar os 50%. “Antes da geada nossa perda já era de 20% por causa da falta de chuva. Não perdemos tudo porque tem uma parte da lavoura que não foi atingida, mas para o ano que vem não tem colheita”, relata Marcomini.
A preocupação maior do cafeicultor de Jacutinga, Dener Luis Cereja Gonçalves e do pai Celso Gonçalves, também é com a safra do próximo ano. “Aqui a geada pegou total, mas este ano o prejuízo vai ser pouco porque os grãos já estavam em ponto de colheita. A nossa preocupação maior é com o futuro porque a ponta que ia dar o café no ano que vem queimou e não vamos ter colheita”, destacou Dener. “Vamos trazer o técnico da Emater para ver qual a recomendação. No meu pensar, vai ter que fazer esqueletamento para tirar as pontas que queimou, já pensando daqui há 2 anos, o problema são as contas de financiamento que vencem no ano que vem”, relata Celso.
De modo geral, as hortaliças que não eram protegidas também foram prejudicadas pela geada.  O produtor de hortaliças João Cleverson Verenka,  da comunidade Santa Terezinha diz que as perdas serão relevantes, mas ainda não sabe medir o prejuízo. “Estou há 4 anos no ramo e não havia passado ainda por uma geada. No sábado de manhã, as plantas estavam totalmente duras e congeladas. Repolho, brócolis, alface está a cada dia queimando mais. Então a gente não sabe, tem que esperar mais uns dias para ver o que vai acontecer”.