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Resgate da autoestima

Fernanda Neme

| Edição de 21 de abril de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Mulheres vítimas de câncer de mama ou outras doenças que resultam na retirada das mamas enfrentam um enorme desafio de reconstrução da autoestima. A cirurgia plástica permite reconstruir as mamas, mas não as aréolas. Para preencher o vazio deixado pela cirurgia tem-se usado a técnica da micropigmentação. 

Imagem ilustrativa da imagem Resgate da autoestima


Por 30 anos, a dona de casa Alice, que não quis se identificar, de 62 anos, de Londrina, conviveu com defeitos estéticos nos seios após passar por uma mamoplastia de redução, que não deu certo. “Há três décadas não tínhamos tantos recursos e acabei perdendo os mamilos e aréolas, além de passar por três cirurgias. Tive que tirar tirado tecido da minha coxa e de partes íntimas para reconstrução dos meus seios”, recorda. 
Alice conta que foram 30 anos com a autoestima abalada e dificuldade de aceitação do corpo. Foi na internet que ela leu sobre a técnica de micropigmentação de aréolas e passou pelo procedimento há cerca de uma semana. “Estou encantada com o resultado. Agora posso olhar meus seios no espelho e tirar minha blusa perto do meu marido. Eu morria de vergonha e ainda estou muito emocionada com o resultado”, conta.
A micropigmentação de aréolas também foi crucial para a recuperação da autoestima da vendedora, Rosa Maria Biason de Oliveira, 49 anos, de Arapongas. Ela teve câncer de mama em 2015 e passou por uma mastectomia na mama esquerda. No mesmo ano, ela fez a reconstrução, colocando uma prótese de silicone. 
“A micropigmentação foi uma surpresa muito boa. Eu sabia que existia esse recurso, mas não fui atrás porque não me preocupava no momento. Mas depois que fiz, percebi fez uma diferença enorme. Ficou lindo e gostaria que mais mulheres tenham a mesma oportunidade que tive”, comemora. 
O procedimento estético e indolor que Alice e Rosa fizeram para reverter seu quadro é a micropigmentação, uma espécie de pintura que reconstitui a aréola mamária de pacientes que passaram pela mastectomia. As duas mulheres fizeram o procedimento com a araponguense Camila Pedroso.
Dona de uma clínica de estética em Arapongas, Camila passou a atuar na área após iniciar um trabalho voluntário em uma ong que atende vítimas de câncer de mama. A maioria dos trabalhos que faz de micropigmentação de aréolas é feita de forma voluntária. 
Ela explica que a técnica consiste na implantação de pigmentos na camada subepidérmica da pele através do auxílio de agulhas e de aparelho especializado. “A técnica é eficaz em seus resultados e produz uma uniformidade na cor dos seios. A duração é de no máximo dois anos, dependendo dos cuidados e hábitos da mulher”, explica.
Camila conta que a vontade de trabalhar ajudando as mulheres surgiu através da  ONG “Amigas do Peito”, onde atua há quatro anos. “Ajudamos a recuperar a autoestima de mulheres que passaram pelo câncer de mama ou pela quimioterapia, recuperando também a sobrancelha dessas mulheres com a técnica fio a fio”, conta Camila. 
Para Camila, é importante que a mulher passe por uma avaliação antes da micropigmentação. “Cada caso é um caso. Nem sempre essa pessoa vem com aréola removida totalmente. Por isso, é preciso avaliar antes de realizar a técnica. Na maior parte dos casos é gratuito, ainda mais se for por motivo de doença. Para mim é gratificante fazer este trabalho. Me emociona demais”, acrescenta.