OPINIÃO

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Resistir à vacinação é um retrocesso inaceitável

Da redação

| Edição de 25 de maio de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Vacinar é uma das formas mais efetivas e de menor custo para reduzir a mortalidade infantil, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Graças à vacina que doenças muito graves e debilitantes, caso da poliomielite, por exemplo, deixaram de fazer parte das estatísticas de saúde dos países desenvolvidos.
No Brasil, o calendário de vacinação vem sendo reforçado paulatinamente nos últimos anos, com ampliação tanto da oferta de imunização, quanto para a faixa etária da população a ser imunizada.
A vacina contra o vírus HPV, inicialmente ofertada para meninas pré-adolescentes para proteção contra o câncer de colo de útero - doença responsável por alto número de óbitos - também passou a ser ofertada a meninos. Para eles, a vacina protege contra determinados tipos de câncer. Imunizar meninos também impede que eles transmitam o vírus para futuras companheiras.
Apesar do esforço dos governos, as autoridades de saúde, não apenas no Brasil, mas Europa e Estados Unidos tem enfrentado um novo problema em termos de imunização: a resistência dos pais em vacinar suas crianças.
Na campanha contra gripe, que está em andamento e encerra na próxima sexta-feira, a imunização das crianças tem gerado uma preocupação nacional. Este é o grupo prioritário o que tem registrado menor cobertura vacinal. Balanço nacional divulgado na última segunda-feira coloca os idosos como o público alvo com maior adesão à campanha, 67,1% foram imunizados. Nacionalmente, os grupos que menos se vacinaram foram os indígenas, com 37,1% de cobertura, e as crianças, com 44,9%.
Em Apucarana e região a situação não é diferente. O município, que tem uma rede extensa de pontos de vacinação, conseguiu atingir até o último levantamento disponível, 55% de índice entre as crianças. A título de comparação, entre os idosos, a imunização chegou a 88,9%. Os números mostram, portanto, que a baixa adesão não está ligada a deficiências na rede de saúde, e sim na resistência da população.
O chamado movimento antivacina, que sempre existiu, parece ter ganhado força com a internet e as redes sociais, pródigas em divulgar notícias falsas de reações adversas em crianças e teorias insanas a respeito da relação da vacinação com doenças autoimunes, entre outros absurdos compartilhados por aí.
As vacinas estão entre as conquistas mais importantes da medicina moderna e resistir à vacinação não é algo que se resuma a uma simples questão de ordem pessoal. Essa escolha afeta todo mundo. Ao imunizar uma população - ou uma parcela dela - se impede que o vírus se propague. Ou seja, a vacina dos grupos prioritários, mais suscetíveis a complicações, de modo indireto, também ajuda a proteger quem não foi imunizado. A gripe é uma doença grave - no ano passado 1,9 mil pessoas morreram no Brasil infectados com o grupo de vírus da influenza - que merece atenção. Resistir a vacinação é um retrocesso inaceitável.