OPINIÃO

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Saúde precisa superar conceitos e preconceitos

Da redação

| Edição de 14 de abril de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A Autarquia Municipal de Saúde de Apucarana divulgou ontem balanço o apontando que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) vem recebendo, em média, 450 pacientes por dia. O número excede em 60% a capacidade de atendimento da estrutura, ampliando o tempo de espera para os usuários. Segundo a autarquia, a sobrecarga está diretamente relacionada com casos que não competem diretamente à unidade.
A UPA é uma estrutura criada e desenvolvida para dar resposta rápida e atendimento to especializado para casos de urgência e emergência. Ocorre que nove em cada dez pacientes que procuram o serviço não se enquadram nessas características de atendimento. São os chamados casos eletivos que, ao contrário das urgências e emergências, têm menor potencial de culminar com a morte do paciente.
O paciente eletivo que procura a UPA muitas vezes não entende porque espera horas para ser atendido, sendo preterido por outros casos. Isso ocorre exatamente porque a UPA segue um protocolo internacional de atendimento que sempre vai priorizar urgências e emergências.
Por ser uma unidade 24 horas, é de esperar o volume maior de casos eletivos durante as madrugadas ou aos finais de semana, quando a rede de UBS não funciona. A saber, a UBS Romeu Milani, localizada na rua Osvaldo Cruz, atrás da AMS, atende aos sábados, domingos e feriados exatamente para ofertar esse atendimento eletivo. Os números da UPA mostram, entretanto, que a sobrecarga é geral e diária.
Mudar esse quadro não é tarefa fácil. A sobrecarga dos prontos socorros não é problema exclusivo de Apucarana e é reflexo de uma série de fatores, que passam pela falta de conhecimento em saúde da população, tanto em relação à própria saúde quanto ao funcionamento da rede de atendimento, como por uma arraigada desconfiança dos serviços prestados nas UBS. 
O Brasil passou décadas e décadas sem investimentos necessários na rede de atenção primária de saúde. O resultado disso  é uma cultura de correr para hospitais e prontos socorros sempre que algum problema aparece porque nesses locais, segundo o entendimento popular, "há mais recursos".
A atual política de saúde pública vem priorizando cada vez mais a rede primária, que tem menor custo e é onde realmente se tem possibilidade de resolver a maioria dos problemas de saúde da população, evitando hospitalizações desnecessária. No entanto, após tantos anos de sucateamento, os resultados dessa nova visão de saúde ainda vão demorar a aparecer, principalmente na resposta popular. Esse, entretanto, é um paradigma que precisa ser quebrado.