OPINIÃO

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Setembro Azul

Por Ernesto Siqueira, de Rosário do Ivaí

| Edição de 22 de setembro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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No dia 26 de setembro comemora-se o “Dia Nacional do Surdo”. A data foi escolhida em homenagem ao INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos, sob a inspiração do francês E. Huet, que apresentou o projeto ao Imperador D. Pedro II, o qual acolheu e em 1857 e efetivou pela Lei Imperial nº 639.

Na antiguidade, em Roma e Grécia, principalmente, as pessoas com necessidades especiais eram jogadas no mar ou em precipícios. No Brasil, ao menos 13 etnias indígenas praticam o infanticídio até os dias de hoje.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas marcaram os portadores de quaisquer necessidades especiais com uma fita azul. Os surdos, em lembrança a opressão, usam o azul como bandeira do movimento. É sabido que o Azul Turquesa, além de ser uma cor vibrante, é apropriado para esses indivíduos que a travessia da história sempre foi repleta de obstáculos, porém todos superados por esses batalhadores, determinados e otimistas guerreiros. Guerreiros para eles não significa empunhar armas, mas uma boa e brilhante ideia na cabeça e bons projetos nas mãos.
É pacífico afirmar que existem surdos com título de professor, intérprete, tradutor, bem como os que conquistaram o diploma de mestrado, doutorado e, inclusive, altos cargos na vida pública.
Nesta esteira, se fizermos um estudo mais detido, vamos descobrir que a surdez não escolhe raça, classe ou credo. Exemplo disso podemos citar o ex presidente americano Bill Clinton, as atrizes Jodie Foster e Holly Hunter, a belíssima brasileira Brenda Costa, que nasceu surda, o que não a impediu de tornar-se uma modelo de fama internacional. Outro exemplo é a americana Helen Keller, que inspirou o mundo com seu exemplo de superação. Era professora, escritora e conferencista. Possuidora de uma retórica invejável, não poupava críticas às autoridades. Em vida e mesmo depois de sua morte teve homenagens em vários países, inclusive no Brasil, no Bairro de Vila Mariana – São Paulo. 
Em 1994, em uma convenção na Espanha, foi elaborada a “Declaração de Salamanca”, onde continha o compromisso dos países participantes em darem atenção a educação inclusiva.
No Brasil, embora desde 1988 o acesso a educação seja dispositivo constitucional, C.F. Art. 205, somente em 2002, foi reconhecido Libras como Língua Brasileira de Sinais. Porém não bastam leis feitas à sombra de gabinetes, é preciso um efetivo empenho de Secretarias e Núcleos Regionais da Educação, no sentido de contabilizar as reais necessidades de professores, intérpretes e tradutores. 
A solução seria inserir a Libras na grade disciplinar de formação de professores e pedagogos, pois, assim, não haveria a necessidade desses profissionais procurarem por conta própria instituições que ofereçam esses cursos. A exemplo disso, na cidade de Rosário do Ivaí, onde estão sendo desenvolvidos três cursos presenciais de Educação Especial, 50% desses alunos estão fazendo Libras.
Agradecendo a ótima acolhida que tive ao visitar uma comunidade de surdos, é com entusiasmo que falo: “Salve 26 de setembro de céu azul!”