OPINIÃO

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Somos tão jovens

Por Rogério Ribeiro, economista, professor universitário e vice-presidente para assuntos de controle social do Observatório Social de Apucarana

| Edição de 20 de fevereiro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A proporção de jovens em relação à população total está declinando no mundo e o mesmo irá acontecer com o Brasil. Nos países desenvolvidos o processo de transição demográfica já atingiu o quarto estágio onde ocorrem baixas taxas de mortalidade e de natalidade. Com efeito, há um crescimento demográfico próximo de zero e observa-se o chamado “envelhecimento” da população.

No Brasil temos uma proporção de jovens em relação à população total relativamente alta quando comparados com os países desenvolvidos, porém a difusão de métodos contraceptivos e a queda das taxas de natalidade estão proporcionando uma redução drástica no crescimento populacional. Mas as consequências destes eventos ainda demorarão muitos anos para serem percebidas. No momento a sociedade brasileira e os formuladores de políticas públicas devem voltar suas atenções para a inserção dos nossos jovens no mercado de trabalho.
Recentemente foram divulgados os resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho onde apresentou que no Paraná foram gerados 67.239 empregos com carteira assinada para jovens de até 24 anos. É um resultado para se comemorar? Acredito que não, pois o contingente de jovens em idade econômica na faixa etária de 15 a 24 anos é próxima de 1,9 milhão de pessoas. Destas somente 504 mil estão empregadas formalmente no mercado de trabalho. 
Os desafios para os nossos jovens são imensos. Além da falta de experiência para conseguir o seu primeiro emprego há uma nítida exigência de níveis de escolaridades elevados para os postos de trabalho disponíveis, contrastando com baixa remuneração se comparadas com os salários pagos para os trabalhadores “veteranos”. 
Temos, também, uma condição social grave que aponta que nossos jovens estão evadindo dos bancos escolares ou estão em série incompatíveis com sua faixa etária. Devemos ter cerca de 511 mil jovens de 16 a 18 anos no Paraná, idade em que deveriam estar cursando o ensino médio. Porém, de acordo com o Censo Escolar do Ministério da Educação em 2017 foram registradas cerca de 367 mil matrículas no ensino médio em instituições públicas.
Cada pessoa tem o seu próprio tempo, porém nossos jovens estão cada vez mais se fragilizando perante nossa sociedade e, por conta disto, deveríamos estar questionando as autoridades de nosso estado sobre o que eles estão fazendo para tentar reverter este quadro. O que nossos deputados e senadores estão legislando para amenizar esta situação? Quais as políticas públicas que o governo do estado está elaborando e implementando para ajudar os nossos jovens? 
Uma coisa é certa: no período da campanha eleitoral que se aproxima todos os candidatos vão colar um sorriso no rosto e efetuar discursos treinados na frente do espelho dizendo que irão priorizar os jovens, que investirão na educação e qualificação deles, que atrairão investimentos para o estado para gerar mais oportunidades de empregos e coisas do gênero.
Mas se atentarmos para isto constataremos que os pais dos nossos jovens já ouviam estes discursos quando eles eram jovens. E o que mudou? Nada. Pelo menos para a população em geral, nada mudou. Somente para os detentores de cargos eletivos, que conseguiram lograr êxito em suas eleições e continuam se perpetuando no poder com base em falsas promessas ou promessas não cumpridas. 
Nossos jovens já não tem o seu próprio tempo. Pelo contrário, o tempo está se perdendo para eles e com isto presenciamos, dia a dia, o agravamento da crise social que assola nosso país e nosso estado. Daí temos que nos perguntar: o que estamos fazendo para mudar este cenário?