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Tropa de elite de segurança

Fernanda Neme e Ivan Maldonado

| Edição de 21 de janeiro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Desafio e a oportunidade de participar dos Jogos Olímpicos- Rio 2016 foram os motivos que fizeram o bombeiro militar André Ricardo Fedre Martins, 30 anos, se inscrever para a Força Nacional de Segurança Pública e atuar no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. Criada em 2004, a corporação é composta por policiais militares, bombeiros militares, policiais civis e peritos, para atender às necessidades emergenciais dos estados. As Olimpíadas foi o evento que mais mobilizou integrantes da Força Nacional que, entretanto, podem ser chamados a qualquer momento. Anteontem, por exemplo, 650 homens da corporação chegaram em Natal, para atuar no conflito de presídios.

Imagem ilustrativa da imagem Tropa de elite de segurança


A Força Nacional é formada pelos melhores profissionais dos grupos de elite dos Estados, que passam por um rigoroso treinamento no Batalhão de Pronta Resposta (BPR). Na região, há integrantes sete integrantes da Força Nacional de corporações de Apucarana, Arapongas e Ivaiporã. “Foi um evento único em nosso país e queria conviver com pessoas de regiões diferentes. Durante os dias de atuação pude observar as peculiaridades de cada Estado tanto em suas culturas, quanto no dia a dia de seus serviços”, conta ele. 


Nascido em Orlândia, interior de São Paulo, o 3º sargento veio ainda criança para Apucarana e atua há 11 anos no Corpo de Bombeiros do Paraná. O treinamento para a Força Nacional foi realizado na Academia do Guatupê, em São José dos Pinhas. Ele conta que o treinamento era puxado. Começava as 6 horas e não tinha hora para acabar. “Tinha dia que terminava às 22 horas e às acabava de madrugada. Assim, adquiri um conhecimento muito eficaz sobre o serviço”, revela.


André recorda que a segurança das Olimpíadas foi bem em planejada e executada, tanto que na região onde trabalhou não teve episódios que prejudicaram a segurança do evento. “Somente algumas mochilas abandonadas que nos deixavam preocupados por talvez ser atentado terrorista. No entanto, todas as bolsas suspeitas foram explodidas pelo Esquadrão Antibombas”, ressalta.


Porém, durante o evento nem tudo correu tão bem, já que um dos membros da corporação morreu em uma troca de tiros. Natural de Ibiporã, o capitão do 10º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Apucarana, Rogério Martins Ribeiros, 44, também cita o triste episódio como um dos mais marcantes em sua atuação nas Olimpíadas – Rio 2016, representando a Força Nacional. “Voltamos com muitas histórias para contar, mas essa sem dúvida foi a que mais me marcou. Foi muito triste”, recorda.


Com mais de 25 anos de carreira policial, Ribeiro atuou na fase de planejamento da ordem de serviço que norteou a segurança do Estádio do Maracanã, na fase de execução atuou no comando do policiamento na abertura e encerramento da cerimônia, também trabalhou nas arenas cariocas e no Parque Olímpico.


O treinamento do policial começou com uma instrução de nivelamento de 60 horas aula em Curitiba, em 2015, e no ano seguinte, mais duas semanas em Brasília. Além disso, ele fez também vários cursos e testes direcionados para o evento no Rio de Janeiro. “Entrei para a corporação para interagir com policiais de outros estados e participar das Olimpíadas”, explica.

Sorte de ver Usain Bolt
O sargento Rogério Bossoni, da 6ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), comandante do DPM de Jardim Alegre participou no ano passado do contingente da Força Nacional durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016. Durante o período, Bossoni trabalhou na guarda patrimonial dos locais dos jogos e durante as olimpíadas e paraolimpíadas no Batalhão de Eventos que reforçou a segurança nos estádios e locais destinados aos eventos esportivos. 


Durante as olimpíadas, o sargento deu sorte de acompanhar a atuação do velocista jamaicano Usain Bolt, multicampeão olímpico e mundial, que deu lição de humildade. “Ele fez a festa do ginásio inteiro, só de chegar próximo as pessoas ele contagiava. Após as corridas, o pessoal não ia embora, pois ele ficava quase uma hora comemorando com os torcedores”, relata Bossoni.


Apesar do momento fantástico com Usain Bolt, nas olimpíadas, o militar diz que para ele, as paraolimpíadas foram mais marcantes. “Em cada competição, eles traziam o valor da superação. Não apenas como atletas, mas a superação da própria deficiência”, assinala Bossoni.
Com relação às demais policias do país, ele diz que o paranaense se destacou pelo valor profissional, onde demonstrou bastante empenho nas missões. “Minas Gerais tem um material humano muito bom. O mineiro também é muito dedicado ao serviço. Pude trabalhar com alguns deles e constatei que a missão é cumprida à risca”, comenta Bossoni. (IVAN MALDONADO)

Troca de experiências
O policial militar apucaranense Jorge Luís dos Santos Lopes, 32 anos, também esteve na operação pela Força Nacional, nas Olimpíadas e Paraolimpíadas - Rio 2016. Ele atuou na comunidade Gardênia Azul, controlada pela milícia e Cidade de Deus, controlada Comando Vermelho, local que serviu de base para o efetivo da Força Nacional diariamente enviar as tropas para os locais de competição dos jogos.


Jorge diz que passou por vários testes físicos para ingressas na corporação, dentre eles corrida, flexão na barra, abdominais, shutlle run, flutuação na piscina fardado e natação utilitária também fardado. Após esta etapa, o policial foi submetido ao nivelamento juntamente com vários outros militares, sendo aplicados disciplinas como a localização de artefatos explosivos, operações de distúrbios civis, armamento, direitos humanos.
Para o policial, entrar para a Força Nacional fez com que ganhasse mais experiência, além dos 6 anos já na Polícia Militar. “Aprendi nos três meses de operação a trabalhar em conjunto com militares de todos os rincões do país e em um ambiente totalmente diferente de nossa realidade, como é o rio de Janeiro. Pude também representar nosso Estado e disseminar tudo que aprendi para outros integrantes do 10º BPM”, diz.