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UTFPR se destaca na criação de produtos

Renan Vallim

| Edição de 19 de agosto de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O campus de Apucarana da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) protocolou a sua quinta patente em 2018, através do desenvolvimento de uma substância inovadora que pode ser utilizada em dezenas de aplicações, desde agricultura até a medicina. Com isso, a meta estipulada para todo o ano já foi batida, mas a direção da instituição quer mais: a expectativa é que, até dezembro, mais cinco inovações inéditas sejam registradas.

Imagem ilustrativa da imagem UTFPR se destaca na criação de produtos


A mais nova patente - que é o registro de um novo produto ou processo de produção - envolve o desenvolvimento de uma substância chamada de hidrogel, um composto químico que tem como principal característica a grande absorção de água (ver box).
Ronie Galeano, diretor de Relações Empresariais e Comunitárias do campus, é um dos coordenadores dos pedidos de patente da UTFPR de Apucarana. Segundo ele, a meta de cinco patentes geradas na unidade apucaranense em 2018 foi batida no meio do ano. Outras patentes registradas são na área de nanotecnologia, química e informática.
“Mesmo com a meta sendo alcançada, não devemos parar por aí. Existem outras a caminho e, até dezembro, devemos ter 10 patentes conquistadas no ano”, diz.
Galeano afirma que o papel da Diretoria de Relações Empresariais e Comunitárias (Direc) é dar suporte às pesquisas e a busca por inovações. Por isso, foi desenvolvido um Hotel Tecnológico (HT) no campus, um espécie de ‘pré-incubadora’ de novos projetos. Para o futuro, o próximo passo do HT é atrair empresas para desenvolver projetos dentro dos laboratórios da instituição. Este modelo, chamado de ‘inovação aberta’, proporciona ganhos tanto para as empresas quanto para a própria universidade, como explica o professor.
“Isto faz com que as empresas, ao invés de gastarem grandes quantias de dinheiro na construção de um laboratório próprio, utilizem a estrutura já montada da UTFPR, reduzindo custos e realocando investimentos. A universidade também leva vantagem, recebendo recursos destas empresas para equiparem ainda melhor os laboratórios e formando os alunos com ainda mais qualidade”, destaca.
A inovação tecnológica é uma das propostas do Conecta Apucarana, projeto  idealizado pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana (Acia), com o apoio e participação de instituições universitárias, incluindo a UTFPR.
A proposta da entidade é fomentar a cultura da inovação em Apucarana, estimulando a criação de "startups" e novos negócios, criação de incubadoras e fortalecer as conexões que contribuem para o desenvolvimento social e econômico da cidade

Pesquisa cria novo tipo de hidrogel
A última patente registrada pela UTFPR envolve a produção de hidrogel. “Os hidrogéis já existem no mercado. Mas o hidrogel que desenvolvemos consegue reter até 40 vezes a sua própria massa, a um custo baixíssimo e com produção muito rápida. Em 14 minutos, conseguimos produzir o nosso hidrogel, enquanto que os mais difundidos hoje no mercado levam várias horas”, afirma Ariel Colaço de Oliveira, aluno de mestrado de Engenharia de Materiais do campus.
Ele vem desenvolvendo o método há quase dois anos, quando ainda estava na graduação em Química. 
Além de mais barato e mais rápido para ser produzido, o hidrogel desenvolvido em Apucarana tem a capacidade de revolucionar vários mercados e, por isso, já é alvo do interesse de empresas. A substância é totalmente biodegradável, ou seja, não é tóxica nem polui o meio ambiente, como os hidrogéis convencionais.
Por conta destas propriedades, o produto pode ser utilizado na agricultura, misturado ao solo, para fornecer mais nutrientes para as plantas. Outra possibilidade é na área médica. “O nosso hidrogel se assemelha muito a tecidos biológicos, como pele humana, por exemplo, além de ter ação antimicrobiana. Por conter muita água, ele pode auxiliar na cicatrização e também na administração de medicamentos. Nos nossos últimos testes, colocamos medicamentos dentro do hidrogel para que eles fossem liberados de maneira controlada. Os resultados foram bastante positivos”, aponta Alessandro Francisco Martins, professor de Química da UTFPR que orientou os estudos de Ariel.
Segundo ele, não há nada igual no mercado. “Estamos testando a capacidade de absorção de outras substâncias. Testamos em água contaminada com chumbo e o hidrogel conseguiu retirar 99% das impurezas”, destaca o professor que também fez testes nos EUA.