OPINIÃO

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​ Belezas Naturais? América Latina é sinônimo de perigo

Marco Antônio Barbosa

| Edição de 17 de maio de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Praias maravilhosas, grandes resorts, paisagens de tirar o fôlego. Estas deveriam ser as primeiras imagens a surgir na cabeça das pessoas ao pensar em América Latina. Infelizmente a realidade não é assim. A América Latina é sinônimo de perigo.
Esqueça Oriente Médio ou África. A região mais violenta do mundo é aqui mesmo. Somente 8% da população mundial consegue alcançar a marca de 33% de todos os homicídios que ocorrem no mundo.
Os dados do Instituto Igarapé divulgados pelo Washington Post mostram que o problema é mais sério se focarmos em quatro nações. Brasil, México, Colômbia e Venezuela são responsáveis por 25% de todos os assassinatos do planeta, ou seja, mais de 12 pessoas são assinadas por hora nestes países.
Mas como chegamos a esse quadro tão alarmante?
A história se repete em cada uma das localidades. Onde a educação e as oportunidades não são providas pelo Estado, a criminalidade aparece como solução. Cresce e se dissemina até se tornar mais forte que o governo. O tráfico de drogas, a principal atividade criminosa da região, já tomou proporções internacionais, com facções ramificadas do México ao Paraguai. Enquanto a inteligência de nossas polícias não consegue conversar entre Estados, a marginalidade age entre nações. Para agravar, o sucateamento da segurança pública, sem investimentos, e policiais com remuneração pífia geram corrupção. Nesta hora o traficante passa a ser milícia e o crime se mistura com quem deveria ser a lei.
Mas se a criminalidade já está tão enraizada na nossa sociedade, como podemos controlar?
Essa é uma guerra que se ganhará em muitas batalhas. O primeiro passo é criar políticas públicas e pactos entre as nações. Assim como o Mercosul para o livre comércio, é necessário uma inteligência de segurança unificada. Integrar procedimentos e informações, assim como fortalecer o policiamento nas fronteiras, pode dificultar que toneladas de drogas transitem sem serem notadas. Remunerar e equipar melhor nossos policiais para que a criminalidade não tome conta também é essencial.
Em longo prazo, para evitar que mais e mais crianças entrem para o crime – atualmente mais da metade das vítimas latino-americanas e caribenhas têm idade entre 15 e 29 anos – precisamos melhorar a qualidade da educação, moradia, saúde e outros serviços básicos. Investir em infraestrutura para a população é diminuir a atuação das facções.
Achar que a criminalidade vai diminuir apenas com ações pontuais é possuir uma visão míope de todo o cenário. Ano a ano os relatórios são cada vez mais cheios de sangue. Enquanto não nos unirmos e entendermos que este é um problema de todos e que não resolvê-lo pode custar nossas vidas, continuaremos a ver estatísticas cada vez mais assustadoras.