OPINIÃO

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​ É preciso trocar a violência por uma cultura de paz

Da redação

| Edição de 14 de fevereiro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A Quarta-Feira de Cinzas marca não apenas o início da Quaresma, mas também o lançamento da Campanha da Fraternidade. A proposta da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) neste ano é discutir a violência e apontar formas de superar esse que é um flagelo para toda população brasileira.
De norte a sul, em grandes e pequenos municípios, o medo da violência é uma constante e incômoda sensação que acompanha a sociedade. Em números, o tamanho do problema também assusta. O Brasil registrou, em 2015, 59.080 homicídios. Isso significa 28,9 mortes a cada 100 mil habitantes. As informações estão no Atlas da Violência 2017, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Não vivemos em uma sociedade violenta, entretanto, apenas por conta dos índices de homicídios, o mais grave dos crimes. A violência cotidiana aparece em outros formatos, nos assaltos, nas agressões domésticas e entre vizinhos, no aumento do tráfico de drogas.
O mesmo estudo do Ipea, aponta ainda, que a violência afeta principalmente as camadas menos favorecidas da população. A relação entre renda e escolaridade fazem diferença nos números, assim como a cor da pele.  A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com informações do Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras etnias, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência. Assim como os negros, jovens e mulheres também lideram os rankings de vítimas da violência e ganharam espaço na discussão proposta pela Igreja. 
Discutir a violência já foi tema da Campanha da Fraternidade em anos anteriores. A discussão  é retomada justamente quando vem ganhando força, notadamente nas redes sociais, o discurso do revide, da vingança e do ódio.  Nunca a violência foi tão descaradamente  aplaudida e incitada. 
Considerar que a violência nunca constitui uma resposta justa e que é um mal inaceitável como solução de problemas não é apenas um preceito cristão, mas o que diferencia as sociedades ditas civilizadas da barbárie. O país necessita, urgentemente, desenvolver e fortalecer uma cultura de paz.
Iniciar essa discussão é fundamental, mas é preciso ir além, criando ferramentas para que a sociedade consiga superar as engrenagens que colocam a violência para funcionar e que incluem desemprego e pobreza. Falar de violência, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, implica em discutir também justiça social.