OPINIÃO

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Arborização na área urbana precisa de maior atenção

Da redação

| Edição de 18 de maio de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Uma boa ideia precisa ser dividida com a comunidade. Em uma sociedade que anda cansada de notícias ruins, violência e maus exemplos, iniciativas como a da estudante apucaranense de 15 anos que convenceu mais de 80 famílias do colégio em que estuda a plantar e cuidar de mudas de árvores ganhou repercussão. Inusitada, a postura da aluna Ana Júlia Lourenço, que está no segundo ano do Ensino Médio, surpreendeu inclusive a Secretaria de Agricultura, onde a jovem foi solicitar as mudas, e virou tema de reportagem.
Por conta da mobilização da jovem e da aceitação que a ideia teve junto à sua comunidade, Apucarana deve ganhar - se tudo der certo e as mudas vingarem - 55 novas cerejeiras, 12 hibiscos, 5 manacás da serra, 8 quaresmeiras e duas aroeiras salsa.
A iniciativa chama atenção, ainda, para um assunto que sempre é sinônimo de polêmica em Apucarana: a arborização. Um tema que voltou à pauta novamente por conta do problema da Praça Interventor Manoel Ribas. Ontem, uma reunião com representantes do Conselho do Meio Ambiente, Ministério Público, comerciantes do entorno da praça, administração municipal e vereadores discutiu alternativas para tentar minimizar os efeitos da ocupação do espaço pelas aves - andorinhas e pombos, notadamente. Uma das soluções apresentadas é exatamente a erradicação das árvores de grande porte da praça.
Outra polêmica recente foi o corte de dezenas de árvores nos Cemitérios Cristo Rei e Saudade por determinação do Ministério Público. A cada temporal, a questão da necessidade de uma política de arborização volta a ser discutida. Recentemente a queda de um eucalipto de grande porte sobre a escola Mateus Leme destruiu duas salas de aulas.
Falta em Apucarana, entretanto, sistematizar essas discussões e colocá-las efetivamente em prática. Em 2014, o plano de arborização da cidade foi apresentado em audiência pública. Na época foi divulgado um estudo feito pela Secretaria de Meio Ambiente - hoje uma pasta sem titular - que apontava que a cidade precisava de pelo menos mais 10 mil árvores para suprir demanda formada por lotes vazios ou plantas que necessitavam de substituição. O plano também previa ainda a inclusão do cidadão no processo de arborização, tornando obrigatório o plantio de árvores em calçadas. De lá para cá, a questão não avançou muito. A prefeitura tem feito substituições em áreas urbanas e atuado em parques - caso do Jaboti -, mas não há uma ação sistemática para efetivamente ampliar a arborização na cidade.
O plantio das 82 mudas que a estudante Ana Julia Lourenço garantiu pode não significar muito no contexto das 10 mil árvores, mas é um começo. É esse primeiro passo que precisa ser dado, preferencialmente com a participação do cidadão. Os benefícios da arborização urbana são indiscutíveis, garantir isso, entretanto, exige ação.