OPINIÃO

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Conter a violência juvenil é um desafio de toda sociedade

Da redação

| Edição de 23 de março de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A morte brutal de um adolescente dentro de uma escola nesta semana em Cambira, pacato município de 7,7 mil habitantes, chama atenção para um problema que é realidade em municípios de todas as escalas e tamanhos: a violência juvenil.
A tragédia que foi vista nos corredores do colégio Rosa Delúcia Calsavara, uma explosão de violência sem explicação envolvendo jovens fora do espectro que o senso comum aponta neste tipo de caso - nem vítima nem agressor tinham histórico de problemas infracionais -, levanta uma série de questionamentos. A que sempre se ergue quando casos como este ocorrem é se seria possível prever e evitar.
É impossível responder essa pergunta de forma categórica. Desde o emblemático tiroteio de Columbine, caso mais famoso de violência juvenil dentro do ambiente escolar que deixou um rastro de 15 mortos e 21 feridos e a sociedade norte-americana absolutamente perplexa, tenta-se entender a linha divisória entre a compulsão adolescente por jogos e conteúdos violentos do universo pop e um assassino em potencial.
De fato, conter a violência juvenil é uma epidemia social. O crescimento do envolvimento de jovens em crimes é um fato. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a faixa etária de 15 a 29 anos de idade representava, em 2014, aproximadamente, 26% da população total do país. No entanto, a participação juvenil no total de homicídios por arma de fogo (HAF) mais que duplica o peso demográfico dos jovens: 58%.
Do outro lado da equação, os números envolvendo as vítimas também assusta. Dados do Mapa da Violência no Brasil de 2014 revelam que no Estado do Paraná, o índice de homicídios envolvendo vítimas de 15 a 29 anos, fechou em 45,9 mortes para cada 100 mil habitantes nesta faixa etária.
Algumas engrenagens que fazem girar esses casos já foram apontadas em inúmeros estudos em incontáveis oportunidades e envolvem acesso e abuso de álcool e drogas, envolvimento com a criminalidade, falta de estrutura familiar, dificuldade financeira, acesso deficiente a educação e a outros direitos fundamentais. Olhar o fenômeno apenas pela análise socioeconômica, entretanto, é uma abordagem incompleta.
Bem por isso, é impossível chegar a uma resposta pronta sobre o que a sociedade pode fazer para evitar crimes violentos envolvendo jovens, estejam eles no papel de vítimas ou autores. Refletir sobre a estrutura familiar, sobre o poder exercido pelas redes sociais e sobre o papel de cada segmento na formação dos jovens e nas expectativas e perspectivas que a sociedade oferece a juventude pode ser um passo. Começar essa discussão, principalmente, é fundamental, tanto em casa, quanto na escola e junto aos órgãos competentes.