OPINIÃO

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Corrupção custa bilhões de reais aos cofres públicos

Da Redação

| Edição de 18 de abril de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou ontem que é “provável” que alguns ministros citados nas delações da Odebrecht “fiquem desconfortáveis” e peçam para deixar o governo. Essa declaração de Temer é, no mínimo, equivocada. Nenhum ministro investigado deveria permanecer no cargo. Eles mesmos deveriam pedir demissão e, caso não o fizessem, precisariam ser afastados diretamente pelo presidente da República. É uma afronta que continuem no governo como se nada tivesse acontecido. 

São oito ministros citados nas delações do empresário Marcelo Odebrecht e de outros 17 ex-executivos da empresa. Juntos, eles serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo recebimento de pelo menos R$ 49 milhões em propinas. Esses ministros perderam totalmente a credibilidade após as denúncias que estão sacudindo o país.
É claro que o governo não pode parar por causa da Operação Lava Jato. No entanto, não deixa de ser constrangedor que continuem atuando normalmente, apesar das delações e dos inquéritos que serão abertos no Supremo Tribunal Federal. 

As delações chamam atenção pelo montante de propina pago. Segundo relato do executivo responsável pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas, foram repassados US$ 3,37 bilhões (R$ 10,6 bilhões) a políticos, governos e servidores corruptos entre 2006 e 2014. 

Esse valor chama atenção porque envolve apenas uma empresa, a Odebrecht. É de conhecimento público, no entanto, que outras empresas do ramo de construção civil e de outros setores também pagavam propina para se beneficiar de obras e serviços públicos. Isso significa que esse valor pago em propina está longe de ser a cifra final recebida por esses políticos, que agiram como verdadeiros saqueadores da União. 

O Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, um eufemismo para nominar o departamento de propinas da empresa, fazia os pagamentos em espécie no Brasil e também em depósitos bancários em contas no Exterior. Muitos desses recursos de suborno eram pagos em pacotes de dinheiro, entregues em locais predeterminados. As transferências bancárias fora do país eram feitas a partir de offshores, para mascarar os recursos não declarados. Ou seja, a corrupção era organizada e institucionalizada. É uma afronta que não pode passar ao largo. 

Agora, é preciso agilizar a instauração efetiva dos inquéritos e punir rigorosamente esses políticos. É preciso passar a limpo o país e essa oportunidade de defenestrar esses políticos corruptos não pode ser desperdiçada. A sociedade não suporta mais tanta roubalheira.