O depoimento do empresário Marcelo Odebrecht caiu como uma bomba em todo o país, pois desmascarou um esquema de pagamento de propinas que não poupa ninguém. Estão citados políticos de praticamente todos os partidos, incluindo caciques do PT, PSDB e PMDB. Algumas figuras que saíram às ruas para protestar contra a corrução estão na lista, como é o caso do tucano Aécio Neves, denunciado por receber milhões e milhões de reais em contas no exterior. Agora, a pergunta que fica? Qual será o futuro da política nacional?
O que está claro é que a velha política está em xeque. Os partidos políticos estão falidos moralmente. Nesta semana, surgiu a informação de que o presidente Michel Temer (PMDB) e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silvaa (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) estariam articulando um pacto para tentar minimizar os estragos provocados pela Operação Lava Jato, visando preservar suas agremiações. Ora, é mais uma afronta. O que querem esses caciques políticos? Culpar os promotores do Ministério Público Federal (MPF) e o juiz Sérgio Moro pela corrupção que eles e seus correligionários são os principais culpados?
Afinal, foram os próprios partidos políticos que se encarregavam de receber os recursos da Odebrecht e de outras empresas para distribuí-los entre seus filiados. Era uma forma de tentar legitimar os pagamentos de propina ao anunciar que o dinheiro tinha como finalidade o “financiamento de campanhas”. Sabe-se que isso não é verdade. Esse dinheiro de caixa 2 não passa de propina. É corrupção na acepção da palavra.
Em qualquer país sério, o governo cairia. Afinal, são oito ministros citados por envolvimento no esquema de pagamento de propinas. Pior: serão mantidos no cargo pelo presidente Temer por conta da “governabilidade”. E o Congresso Nacional? Que legitimidade tem esses parlamentares corruptos para votar reformas tão importantes como a previdência e a trabalhista?
A Operação Lava Jato mostra que o Brasil não pode manter essas velhas práticas políticas. A democracia depende de partidos políticos fortes, mas somente irão sobreviver aqueles que se reformularem. Esses partidos precisam rever suas condutas e fechar as portas para a corrupção e para os corruptos.
No entanto, o principal papel cabe ao eleitor. O cidadão precisa acompanhar o desenrolar das denúncias de corrupção e votar corretamente, começando por 2018, quando será eleito o novo presidente da República.