OPINIÃO

min de leitura - #

Não há como sair da crise sem cortar gastos públicos

Da redação

| Edição de 17 de agosto de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.


Notícias econômicas dominaram o noticiário desta quarta-feira. De um lado, o governo federal enfim se pronunciou sobre a meta fiscal e - depois de um jogo de vai não vai que deixou o mercado tenso nos últimos dias - admitiu que o rombo das contas públicas é maior que o previsto. No fim do dia, a equipe econômica, atendendo a determinação direta do presidente Michel Temer, revisou as metas 2017 e 2018, cujos déficits atuais de R$ 139 bilhões e R$ 129 bilhões, respectivamente, serão ampliados para R$ 159 bilhões. 
Na rasteira da má notícia, que já era esperada por todo mundo, também foram anunciadas medidas de contenção de gastos para enxugar a mastodôntica máquina pública que não se sustenta. O governo federal afirma que vai cortar 60 mil cargos vagos, vai adiar, por pelo menos um ano, o reajuste prometido a servidores. Também se falou em instituir um teto salarial no serviço público, que não poderá ultrapassar os R$ 33,4 mil pagos a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). 
Ontem, na sequência dos efeitos da nova meta fiscal, o Ministério do Planejamento revisou também a previsão do salário mínimo para o ano que vem, cortando em R$ 10, de R$ 979 para R$ 969 com objetivo e gerar uma economia de R$ 3 bilhões ao governo no ano que vem.
Para fazer do limão uma limonada, o governo federal começa a trabalhar para apressar a Reforma da Previdência, medida que integra a lista de medidas necessárias para conter o rombo fiscal e colocar a economia brasileira nos trilhos.
O fato é que o descontrole das contas públicas, resultantes de uma máquina pública muito extensa e ineficiente, é um problema histórico no Brasil que nunca foi efetivamente saneado. Na verdade, nunca se tentou combater efetivamente seus efeitos e é fácil entender isso.
Cortar gastos públicos é algo impopular e que traz um imenso desgaste do governo. Não há como negar esse fato, mas não há como deixar de fazê-los sob pena de falência do estado.
Tome-se como exemplo o Estado do Paraná, que adotou uma série de medidas duras para promover um ajuste fiscal necessário nas contas públicas.  Se de um lado, o remédio amargo gerou embates e um imenso desgaste com o funcionalismo, de outro não há como negar que o desempenho da economia estadual se reflete nesse esforço fiscal. 
O estado acumula em 2017 a criação de 24.041 empregos com carteira assinada. Foi o quinto melhor saldo do país e lidera no sul a geração de empregos. O pior desempenho em empregos do país, no acumulado do ano, vem justamente do estado do Rio de Janeiro, que vive um caos administrativo sem precedentes. Foram eliminadas 74.760 vagas no acumulado de janeiro a julho. Resta saber se o governo federal terá força suficiente para ir até onde deve no corte de gastos.