OPINIÃO

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Vacinação é uma conquista que não se pode abrir mão

Da redação

| Edição de 17 de agosto de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Em 10 dias de Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo foram vacinadas pouco mais de 1,3 mil crianças, o que corresponde a cerca de 20% do público alvo de 6,4 mil crianças entre 12 meses e cinco anos incompletos em Apucarana.
Com previsão de término da campanha em duas semanas, as autoridades de saúde estão fazendo um apelo para que os pais procurem as UBSs mais próximas para garantir a imunização de 80% do público alvo que precisa ser imunizado.
Para facilitar o acesso às vacinas, as unidades vão abrir no próximo sábado. A medida ocorre em todo Brasil no que se convencionou chamar de dia D de vacinação.
Em Apucarana, a Autarquia Municipal de Saúde (AMS) vem adotando a busca ativa como estratégia para ampliar a vacinação. Agentes comunitários de saúde participaram de capacitações recentes para atuar de maneira mais incisiva juntos aos pais e responsáveis.
A queda nos índices de vacinação é um fenômeno que vem ganhando contornos cada vez mais graves no Brasil. Nunca se ofertou tantas vacinas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que vem ampliando paulatinamente a cobertura. A vacina contra o HPV, que protege meninas contra o câncer de colo de útero e também meninos contra câncer, a imunização contra o rotavírus e contra hepatite A são algumas das mais recentemente incluídas no calendário nacional. 
De outro lado, nunca se vacinou tão pouco. De nove vacinas prioritárias do calendário infantil, nenhuma atingiu a meta de 95% de imunização no ano passado no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. A maior parte delas ficou, em média, na casa dos 70%.  
A vacina contra polio, doença que motivou a formatação do esquema vacinal como ele é feito hoje, com calendário, campanhas e abrangência nacional, também virou motivo de preocupação. No ano passado, a cobertura dessa doença ficou em 77%, muito abaixo dos 95% preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi o medo da polio que fez com que se investisse em vacinas. Iniciada em 1971 no Brasil, a imunização maciça demorou quase 20 anos para eliminar os casos da doença. O último caso foi registrado em 1989.
A queda nos índices vêm colocando em risco uma das principais conquistas da saúde. Na verdade, segundo a OMS, a vacinação em massa, em termos de sanitários, só perde em impacto para o consumo de água potável. 
Reflexo do movimento anti-vacina que vem ganhando novos contornos através das fake news e redes sociais e da falta de temor da população em relação às doenças, a queda na adesão é um novo paradigma da saúde que precisa ser resolvido com urgência, sob o risco da sociedade caminhar para novas epidemias.