POLÍTICA

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“A PF não me dá informação”, reclama Bolsonaro em vídeo

Da Redação

| Edição de 23 de maio de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello divulgou ontem o vídeo da reunião ministerial do governo Bolsonaro de 22 de abril, que integra o inquérito que investiga suposta interferência do presidente da República na Polícia Federal (PF), após denúncias do ex-ministro Sérgio Moro. O principal ponto, que já havia sido adiantado em transcrições divulgadas anteriormente, seria um pedido, feito a Moro, para receber informações de investigações feitas pela PF.

Na decisão, o ministro liberou a íntegra do conteúdo do vídeo e da transcrição da reunião. Celso de Mello somente não permitiu a divulgação de “poucas passagens do vídeo e da respectiva gravação nas quais há referência a determinados Estados estrangeiros”.
A reunião ministerial teve a participação do presidente Jair Bolsonaro, do vice, Hamilton Mourão, de Moro e outros ministros. Ao todo, participaram 25 autoridades.
Em um dos trechos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diz: “E eu tenho o poder e vou interferir em todos os ministérios, sem exceção. Nos bancos eu falo com o Paulo Guedes, se tiver que interferir. Nunca tive problema com ele, zero problema com Paulo Guedes. Agora os demais, vou! Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações”.
O presidente segue: “Eu tenho as inteligências das Forças Armadas que não tenho informações. ABIN tem os seus problemas, tenho algumas informações. Só não tenho mais porque tá faltando, realmente, temos problemas, pô! Aparelhamento etc. Mas a gente num pode viver sem informação”.
O presidente, em outro momento, diz: “Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”.
Sergio Moro pediu demissão do cargo de Ministro da Justiça dois dias depois desta reunião. Em coletiva para anunciar a decisão, ele disse que Jair Bolsonaro interferiu na PF ao demitir o então diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo, e insistir na troca do comando da PF no Rio de Janeiro. A defesa de Moro sustenta que as provas desta acusação estariam contidas no discurso de Bolsonaro, feito na reunião do dia 22.