POLÍTICA

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Bolsonaro diz que democracia só existe se Forças Armadas quiserem

Agências

| Edição de 08 de março de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Em discurso para militares, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou ontem que vai governar ao lado “daqueles que respeitam a família” e afirmou que democracia só existe se as Forças Armadas “assim o quiserem”.

Imagem ilustrativa da imagem Bolsonaro diz que democracia só existe se Forças Armadas quiserem


O presidente fez um rápido discurso na cerimônia no 211º aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais, na Fortaleza de São José da Ilha de Cobras, no centro do Rio de Janeiro. Ele descreveu sua vitória nas eleições do ano passado como uma missão.
“A missão será cumprida ao lado das pessoas de bem do nosso Brasil, daqueles que amam a pátria, daqueles que respeitam a família, daqueles que querem aproximação com países que têm ideologia semelhante à nossa, daqueles que amam a democracia. E isso, democracia e liberdade, só existe quando a sua respectiva Força Armada assim o quer”, afirmou.
O presidente discursou por pouco mais de quatro minutos e não atendeu a imprensa após o evento.
Em janeiro, em seu segundo dia de governo e também diante de militares, Bolsonaro havia adotado um discurso na mesma linha. Na ocasião, disse que as Forças Armadas do Brasil são obstáculo para quem quer usurpar o poder no país.
“A situação em que o Brasil chegou é prova inconteste de que o povo, em sua grande maioria, quer respeito, quer ordem, quer progresso”, afirmou naquele dia.
A fala de Bolsonaro motivou críticas de opositores. Derrotado nas últimas eleições, Fernando Haddad (PT) cobrou uma explicação. “Infelizmente, o presidente não atendeu a imprensa para explicar o raciocínio”, escreveu no Twitter.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também atacou a declaração. “Essa pessoa não tem limites na agressividade! A Democracia foi conquistada pela sociedade brasileira. Não é objeto de tutela ou permissão. Terá muita luta pra defendê-la, apesar de vc e seus aliados”, disse ela na rede social.
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou que a frase de Bolsonaro foi mal interpretada.
“O presidente está sendo mal interpretado. O presidente falou que onde as Forças Armadas não estão comprometidas com democracia e liberdade esses valores morrem. É o que acontece na Venezuela”, disse.

PREVIDÊNCIA
Bolsonaro pediu ontem o “sacrifício” dos militares para que apoiem a proposta de reforma da Previdência. O projeto de lei específico para o regime das Forças Armadas deve ser enviado ainda este mês ao Congresso para tramitar junto com a reforma do sistema previdenciário geral.
“Peço também o sacrifício porque entraremos, sim, na nova Previdência, que atingirá os militares. Mas não deixaremos de lado e não esqueceremos as especificidades do cargo de vocês. Temos um ministério firmado por pessoas comprometidas com o futuro do Brasil, que nos ajudam a conduzir essa grande nação”, disse.
O governo quer aumentar o tempo de contribuição dos militares de 30 para 35 anos, assim como aumentar a alíquota única dos militares de 7,5% para 10,5%. A nova alíquota deve ser cobrada também no pagamento das pensões para dependentes de militares, benefício atualmente financiado exclusivamente pelo governo federal.