POLÍTICA

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Colombino Grassano vê Arapongas entre as melhores cidades do Paraná

Edison Costa

| Edição de 06 de outubro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Nascido em Itamogi, Minas Gerais, porém paranaense e araponguense de coração, José Colombino Grassano, hoje com 93 anos de idade, é uma das principais lideranças políticas de Arapongas que muito contribuiu com a história e o desenvolvimento do município. Colombino Grassano, como é mais conhecido, foi prefeito por dois mandatos, de 1955 a 1.959 e de 1964 a 1968. Foi secretário estadual de Educação e Cultura e do Interior e Justiça em 1959/1960 no governo de Moisés Lupion, chefe da Casa Civil no governo de Paulo Pimentel, auditor do Tribunal de Contas do Estado do Paraná e deputado estadual por dois mandatos.

Imagem ilustrativa da imagem Colombino Grassano vê Arapongas entre as melhores cidades do Paraná


Como prefeito, foi ele quem deu início às primeiras obras de infraestrutura urbana de Arapongas com pavimentação de ruas, galerias pluviais, rede de esgoto e sistema de abastecimento de água. Também trouxe as primeiras indústrias de grande porte, como o Moinho Arapongas e a Nortox e foi ele quem baixou decreto estabelecendo que as ruas de Arapongas teriam denominações de aves.
Quando Arapongas está completando 72 anos de emancipação, Colombino Grassano recebeu a reportagem da Tribuna em sua casa e conta como era a cidade na sua época de prefeito e o que mudou nos dias de hoje. Confira:

TRIBUNA DO NORTE - Como era Arapongas naquela época e como o sr. vê a cidade hoje?
COLOMBINO GRASSANO -  No começo da década de 1950 era tudo zero, ou menos zero. Hoje é 100%. A cidade carestia de tudo. O problema era grande porque não havia calçadas, não havia água encanada, não havia esgoto, não havia galerias de águas pluviais. E havia um fluxo de caminhões de madeira, porque aqui era sede de grandes e muitas serrarias. Os caminhões vinham da região de Lobato e Santa Fé com as perobas e atolavam na Avenida Arapongas, que era a Avenida Getúlio Vargas.
E a cidade estava só começando. Cinco anos antes do meu ingresso na Prefeitura, a cidade tinha sido escolhida como município e Comarca.
O bom mesmo de Arapongas passou a ter início a partir de 1955, quando as medidas administrativas foram todas tomadas e eu não sei até mesmo como eu consegui os recursos para fazer tudo isso.
Logo depois que eu assumi como prefeito eu falei com o governador Moisés Lupion, que  mandou que o departamento de água e esgoto procedesse um estudo rápido do projeto da cidade de Arapongas e iniciasse rápido o sistema de água e esgoto da cidade. E foi essa a arrancada que nós demos inicialmente.
Com a estrutura organizada nós pudemos iniciar então a pavimentação no perímetro urbano, que era pequeno. Era entre a rua Picapau e a rua Perdizes. Hoje a cidade se espalhou até a divisa com Apucarana, com Rolândia, com Sabáudia. Então nós crescemos em todos os sentidos.
Pela sua topografia, que é plana, Arapongas não teve um crescimento vertical como as outras cidades. Ela teve que ocupar primeiro o centro, que é um pouco mais plano, para depois ir para outros lados. Então nós expandimos, pode ver que a cidade é grande, é muito longa.
TN - O sr. pode citar algumas obras importantes do seu primeiro mandato?
COLOMBINO - Água, esgoto, pavimentação com paralelepípedos, escola normal, a estrutura administrativa da Prefeitura com a aquisição de caminhões, tratores e motoniveladora. Compramos e montamos uma fábrica de tubos e meio-fio. Nós não podíamos pensar numa cidade, se não começássemos pela sua base.
E aqui era tão complicada nossa situação que o meu slogan de campanha eleitoral foi “Nem lama, nem poeira, Colombino para prefeito. Incrível, esse era o meu projeto para a cidade, a pavimentação. Porque quando era verão era impossível você respirar. Havia 26 máquinas de café em Arapongas, que era o maior centro cafeeiro do Paraná. Imagine todas essas máquinas jogando pó pelos ares. Há cinco quilômetros daqui você sabia que estava chegando em Arapongas porque tinha uma cortina de poeira.

TN - Como se deu o desenvolvimento industrial de Arapongas?
COLOMBINO - Eu tive da Câmara Municipal a aprovação de um projeto de lei, juntamente com o vereador que tinha sido meu secretário na Prefeitura, o Liberto Mantovani. Nós estabelecemos as condições para promover o parque industrial de Arapongas. Nós estávamos vindo de geadas enormes que liquidaram as plantações cafeeiras. 
Então nós reunimos os comerciantes de Arapongas. Naquela época não eram industriais, eram comerciantes, e disse a eles que nós tínhamos que partir para um mundo diferente. Ou vamos fazer indústrias em Arapongas ou vamos fazer um centro educacional com faculdade, com universidade e tudo. Isso já no segundo mandato, de 1963 em diante.
E fui rápido, eu logo comprei os terrenos na avenida Maracanã na saída para Londrina do lado direito, porque do lado esquerdo tinha a estrada de ferro e depois da estrada de ferro  também comprei terrenos e doamos para as indústrias. Naquele tempo se podia doar. E não sei por que razão os industriários, os candidatos a industrial partiram para móveis, porque madeira tinha demais na região. Tinha a região de Ortigueira que mandava madeira pra cá à vontade. Foi assim que o parque industrial começou.

TN - Lembra das primeiras indústrias a se instalarem no município?
COLOMBINO - Duas indústrias foram pioneiras, mas que não foram criadas aqui na cidade. Uma foi o Moinho de Trigo Arapongas, que eu impedi que fosse para Apucarana. Eu me encontrei com o dr. Paulo Kümmel num jantar aqui em Arapongas, em 1963, e perguntei de onde ele era. Eu era candidato a prefeito pela segunda vez. Ele me disse que era de Santa Catarina e que veio aqui para montar um moinho de trigo em Apucarana. Eu estou com as cotas aqui. Naquela época tinha que ter cotas para transferir de um estado para outro. Eu falei para ele, não dr. Paulo, o sr. conhece alguém em Apucarana? Ele respondeu não, eu não conheço ninguém. Eu disse então o sr. está me conhecendo, eu sou candidato a prefeito, já fui prefeito. Amanhã se o sr. quiser conhecer o prefeito eu levo o sr. lá. E no dia seguinte fomos lá. Expliquei para o prefeito Sadaho Yokomizo, que era meu compadre, e pedi para ele levar o dr. Paulo para conhecer a cidade. Onde ele achar que deve montar a empresa o município faz a doação. E ele escolheu onde ela está hoje.
E a segunda empresa foi a Nortox, em 1964, já no meu segundo mandato. Houve uma divergência com a Prefeitura de Apucarana, que eu não procurei saber porque. Eu fiquei sabendo no dia que houve a divergência de manhã. À tarde eu telefonei para ele e à noite eu já estava na casa dele em Apucarana. Eu o convidei. Se ele quisesse vir para Arapongas eu poderia oferecer tudo para ele, como terreno, assistência, até apresentação ao governo. Ele marcou ir no dia seguinte em Aricanduva, fomos lá, era um campo de futebol, ele falou: eu quero aqui. Aí eu mandei chamar no mesmo dia o diretor do clube, porque o terreno era nosso. Eu falei para ele: olha, aqui não vai ter mais campo de futebol, vou fazer outro, vou colocar aqui uma indústria para que Aricanduva não feche. Eu até proibi que se desmanchasse casas em Aricanduva, porque se desmanchasse acabaria Aricanduva. Foi então que a Nortox chegou a Aricanduva. Hoje, 50% do nosso ICMS é fruto da Nortox do sr. Osmar Amaral.
Foram assim duas grandes indústrias que trouxemos para Arapongas, dois grandes empresários que eu considero como duas grandes aquisições de Arapongas, não somente como empresários, mas como pessoas de grande coração humano para com a comunidade.
TN - Quando o sr. baixou decreto determinando que as ruas tivessem nomes de aves e por que?
COLOMBINO - Isso foi em 1966 para caracterizar o nome da cidade, que foi dado pela própria Companhia de Terras Norte do Paraná. A minha ideia era fazer com que Arapongas fosse conhecida como a Cidade dos Passarinhos e assim ficou. Aí ficou famosa por causa da Rede Globo, quando eu dei uma entrevista.
No ano que eu fiz uma viagem para o exterior, de navio, sentamos eu e mais alguns e começamos a conversar. E uma pessoa me olhava muito ali no navio. Aí essa pessoa perguntou: o sr. que deu uma entrevista para a Ana Maria Braga sobre a cidade de Arapongas? Eu respondi: sim fui eu. A pessoa disse eu vi a entrevista na televisão. Aí Arapongas ficou muito conhecida, por onde a gente ia as pessoas falavam, você é da terra dos passarinhos.

TN - Como avalia a situação sócio-econômica de Arapongas hoje? 
 COLOMBINO - Hoje Arapongas é um município modelo, bem servido, a administração municipal é muito boa. O prefeito Sérgio Onofre é um homem dedicado. Eu participei de duas campanhas eleitorais dele. Na primeira não tivemos sucesso, mas na segunda fomos vitoriosos. O Sérgio é muito dedicado, ele começa cedo e vai até de noite, atende todo mundo, tem as portas abertas do governo do Estado e usa o governo para o bem da cidade. As dificuldades são muitas para os governantes, mas ele tem conseguido muita coisa para o município. 
Em nível de Paraná, a posição de Arapongas é muito boa. O PIB de Arapongas é um dos melhores do Paraná. Isso é muito bom. A cidade oferece condições excelentes para morar, porque é uma cidade que cresceu muito economicamente, oferece muitas alternativas de emprego e renda, além de ser um grande centro hospitalar e médico.