POLÍTICA

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Em vídeo, Temer diz que jamais colocaria sua biografia em risco

Folhapress

| Edição de 14 de abril de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O presidente Michel Temer (PMDB) decidiu se defender publicamente das acusações de que comandou uma reunião, em 2010, para acertar o pagamento de US$ 40 milhões de propina para o PMDB, conforme relataram executivos da Odebrecht.
O presidente gravou um vídeo na tarde de ontem em que contesta as delações. Na gravação, ele diz que não negociou pagamento de valores a seu partido e que condena e não participa de práticas escusas de financiamento de campanha. 

Imagem ilustrativa da imagem Em vídeo, Temer diz que jamais colocaria sua biografia em risco


“Jamais colocaria minha biografia em risco. Meus amigos, eu não tenho medo dos fatos. Nunca tive. O que me causa repulsa é a mentira”, diz Temer, ao se defender das acusações do ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial, Márcio Faria da Silva. O vídeo foi colocado nas redes sociais do Planalto.
Temer, que já havia emitido nota anteontem à noite para defender-se das acusações de Faria, disse ainda que “o verdadeiro homem público tem que estar a altura dos seus desafios, que envolvem bons momentos e momentos de profundo desconforto”.
Ainda na gravação, o presidente diz que esteve no encontro citado pelo delator, porém não tratou de repasses financeiros ao PMDB. Temer também avalia preparar uma campanha publicitária mais ampla, específica para proteger sua imagem diante da crise gerada pelas delações. O presidente deve se reunir com auxiliares na próxima semana para tomar uma decisão sobre o tema.
Inicialmente, a ideia era que Temer não se pronunciasse sobre as delações tornadas públicas esta semana pelo STF (Supremo Tribunal Federal), para evitar que a crise se instalasse em seu gabinete. Auxiliares, entretanto, reconheceram que o relato que envolve diretamente o presidente é grave, especialmente por se tratar de um valor substancial, de US$ 40 milhões, com potencial para desgastar ainda mais a imagem do peemedebista.
Eles avaliaram que Temer precisaria fazer uma defesa enfática para demonstrar confiança, apontar incoerências na narrativa do delator e evitar que as acusações contra ele se cristalizem.

DELAÇÃO
O ex-executivo Márcio Faria afirmou em sua delação premiada que Temer comandou, em 2010, quando era candidato a vice-presidente, uma reunião em São Paulo em que se acertou o pagamento de US$ 40 milhões de propina relativos a 5% de um contrato da empreiteira com a Petrobras.
Ele diz que o encontro aconteceu no escritório político de Temer em São Paulo, em Alto de Pinheiros, no dia 15 de julho de 2010, às 11h30.
O ex-executivo, então presidente da Odebrecht Engenharia Industrial, braço da empreiteira responsável por obras industriais no Brasil e no exterior, conta ter ficado impressionado com a naturalidade com que a propina foi cobrada.
Ele relata que além de Temer, que se sentou à “cabeceira da mesa”, participaram da reunião Rogério Araújo, outro executivo da Odebrecht, e os então deputados federais Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN), todos do PMDB, além do lobista João Augusto Henriques.