POLÍTICA

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Ex-presidente Temer é preso pela força-tarefa da Lava Jato

Agências

| Edição de 22 de março de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) foi preso em São Paulo na manhã de ontem pela força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro, por determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio. Os agentes também prenderam no Rio o ex-ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco, e o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer. Os três, juntamente com outros sete denunciados, teriam movimentado R$ 1,8 bilhão irregularmente num esquema envolvendo vários órgãos públicos e empresas.

Imagem ilustrativa da imagem Ex-presidente Temer é preso pela força-tarefa da Lava Jato


Temer foi abordado por policiais federais na rua, em São Paulo. Desde quarta-feira (20), a PF tentava rastrear e confirmar a localização de Temer, sem ter sucesso. Por isso, a operação prevista para as primeiras horas da manhã desta quinta-feira atrasou. Agentes estavam na porta da casa de Temer e, ao perceberem a saída de um carro do local, o seguiram e realizaram a prisão.
O ex-presidente foi levado para o Aeroporto de Guarulhos, onde embarcou em um avião da Polícia Federal em voo rumo ao Rio de Janeiro. Michel Temer está preso em uma sala de Estado Maior, na superintendência da PF. A prisão de Temer é preventiva, ou seja, sem prazo determinado.
O juiz determinou que Moreira Franco e o coronel Lima fiquem presos preventivamente na Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói, no Grande Rio. O juiz também mandou prender outros sete envolvidos no esquema de corrupção.
Temer é um dos alvos da Lava Jato do Rio. A prisão teve como base a delação de José Antunes Sobrinho, dono da Engevix. O empresário disse à Polícia Federal que pagou R$ 1 milhão em propina a pedido do coronel João Baptista Lima Filho, conhecido como coronel Lima, do ex-ministro Moreira Franco e com o conhecimento do ex-presidente. A Engevix fechou um contrato em um projeto da usina de Angra 3, que ainda não teve as obras concluídas.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a organização atuava há 40 anos, tendo entre os envolvidos Temer e o amigo dele coronel Lima.
A procuradora Fabiana Schneider ressaltou que a organização começou quando Temer era secretário de Segurança de São Paulo e coronel Lima como auxiliar imediato. “Coronel Lima e Temer atuam desde a década de 80 juntos, quando Temer ocupou a Secretaria de Segurança de São Paulo. Lima passou a atuar na Argeplan (empresa e engenharia), com vários contratos públicos. Houve crescimento de contratações da Argeplan quando Temer ocupou cargos públicos. Uma planilha identifica pagamentos e promessas ao longo de 20 anos para MT, ou seja, Michel Temer”, disse a procuradora.
Segundo ela, o caso da mala de dinheiro apanhada por Rodrigo Rocha Loures, que na época era assessor de Temer, propiciou a coleta de áudios, identificando que coronel Lima atuava na intermediação para entrega de dinheiro. A reforma na casa de Maristela Temer, filha do ex-presidente, segundo a procuradora, foi feita com dinheiro ilícito. “A reforma na casa de Maristela Temer não deixa dúvida de como o dinheiro entrava na Argeplan e saia em benefício da família Temer”, disse.

“Cada um que responda por seus atos”, diz Bolsonaro
Ao desembarcar ontem em Santiago, no Chile, o presidente Jair Bolsonaro comentou a prisão do ex-presidente Michel Temer, dizendo que cada um deve responder pelos seus atos.
O ex-presidente foi preso na manhã desta quinta, em São Paulo, pela força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro. Os agentes federais também prenderam o ex-ministro Moreira Franco e o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, amigo pessoal de Temer.
“A Justiça nasceu para todos e cada um que responda pelos seus atos”, declarou Bolsonaro em uma breve conversa com a imprensa no aeroporto da capital chilena.
Segundo o atual presidente da República, “acordos políticos dizendo-se em nome da governabilidade” desencadearam as situações que culminaram na prisão de Temer e Moreira Franco.
“Governabilidade você não faz com esse tipo de acordo, no meu entender. Você faz indicando pessoas sérias, competentes para integrar seu governo. É assim que fiz no meu governo, sem acordo político, respeitando a Câmara e o Senado brasileiro”, complementou.
Já o vice-presidente Hamilton Mourão (PRB) lamentou ontem a prisão de Michel Temer e lembrou do também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba desde abril de 2018. “Já falei a respeito da mesma situação do ex-presidente Lula. É muito ruim para o País ter um ex-presidente preso. Agora seguem as investigações”, disse, ao chegar ao Palácio do Planalto na tarde de ontem.
Para Mourão, a prisão de Temer não deve atrapalhar o andamento dos projetos no Congresso Nacional. “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A realidade é que fica todo mundo naquela situação igual cachorro em canoa, querendo se equilibrar”, disse. (AGÊNCIAS)

Para Maia, prisões não afetam tramitação da reforma da Previdência
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou ontem que as prisões do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco afetem a tramitação da reforma da Previdência.
O temor de que o sentimento de antipolítica pudesse contaminar o ambiente de votação no plenário e dificultar a votação fez com que a Bolsa caísse durante esta quinta.
Maia também minimizou as críticas feitas por parlamentares do partido do próprio presidente, o PSL, à proposta de reforma das aposentadoria dos militares, que incluiu uma reestruturação das carreiras das Forças Armadas.
“Acredito que o presidente vai conseguir organizar sua base”, afirmou Maia à reportagem.
No momento, lideranças do Congresso afirmam que apenas o PSL pode ser considerado base do governo. O líder da bancada de 54 deputados, Delegado Waldir (GO), porém, falou contra a articulação do Planalto pela aprovação da proposta de emenda constitucional.
Para a aprovação da PEC, são necessários 308 votos favoráveis, em dois turnos.
Maia coloca panos quentes na discussão entre os Poderes depois de ironizar a interferência do Executivo no Congresso na noite de quarta-feira .
“Eu acho engraçado. Quando dizem que o Parlamento quer indicar alguém no governo é toma lá da cá. Quando eles querem indicar relator aqui e interferir no processo legislativo não é toma la da cá?”, afirmou, demonstrando irritação ao chegar ao Congresso.
Nesta quinta, Maia falou com Bolsonaro ao telefone, da residência oficial.
Parlamentares de partidos que defendem a aprovação de uma reforma veem com apreensão os movimentos de integrantes do governo Bolsonaro de se indispor com Maia, já que o presidente da Casa é considerado o principal fiador da proposta no Congresso. (FOLHAPRESS)