POLÍTICA

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Moro diz que usará modelo da Lava Jato para combater crime

Folhapress

| Edição de 06 de novembro de 2018 | Atualizado em 06 de novembro de 2018

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Em sua primeira entrevista coletiva após aceitar o convite para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PSL), o juiz federal Sergio Moro afirmou ontem que sua decisão "não tem nada a ver com o processo do [ex-presidente] Lula", a quem ele condenou por corrupção e lavagem de dinheiro no ano passado. "Eu não posso pautar minha vida com base numa fantasia, num álibi falso de perseguição política", afirmou. 

Moro disse que atuará no comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a partir de 2019, utilizando o modelo da Operação Lava Jato para combater o crime organizado. Moro afirmou ter aceitado o ministério para implantar "uma forte agenda anticorrupção" e "contra o crime organizado". Segundo ele, a ideia é replicar no ministério as forças-tarefas adotadas na Operação Lava Jato. Ele cita como exemplo a atuação do FBI no combate às máfias em Nova York.
Sem dar detalhes, Moro afirmou que apresentará uma série de propostas de combate ao crime organizado. A ideia, diz, é resgatar parte das "dez medidas contra a corrupção", proposta encabeçada pelo Ministério Público Federal.

Imagem ilustrativa da imagem Moro diz que usará modelo da Lava Jato para combater crime

O futuro ministro declarou ainda não haver "a menor chance de utilização do ministério para perseguição política". Segundo ele, Lula foi "condenado e preso porque cometeu um crime, e não por causa das eleições".
"Sei que alguns eventualmente interpretaram a minha ida como uma espécie de recompensa. É algo absolutamente equivocado, porque minha decisão [que condenou Lula] foi tomada em 2017, sem qualquer perspectiva de que o então deputado federal [Bolsonaro] fosse eleito presidente da República", declarou o juiz. "O que existe é um crime que foi descoberto, investigado e provado. As cortes de justiça apenas reconheceram esse fato e impuseram a pena da lei. Apenas cumpriram seu dever."
Moro afirmou que foi sondado pela equipe de Bolsonaro no dia 23 de outubro, na semana anterior ao segundo turno, em um telefonema do economista Paulo Guedes, que deve assumir a área econômica do governo.
Isso foi depois, portanto, de o juiz retirar o sigilo de trechos da delação do ex-ministro Antonio Palocci, a seis dias do primeiro turno -uma decisão que foi criticada, pela proximidade do período eleitoral.
Por diversas vezes durante a entrevista, Moro chamou Bolsonaro de moderado e sensato. Quando confrontado com declarações polêmicas do presidente eleito, ele afirmou que elas são "do passado", e disse não haver nada concreto que indique que as minorias ou a democracia serão atingidas.

Redução de ministérios 
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou ontem que concluirá, até novembro, a montagem dos ministérios de seu governo. "Até o final do mês a gente completa os ministérios, se Deus quiser", disse. 
Bolsonaro pretende reduzir a atual estrutura, de 29 pastas, para um máximo de 17.  A equipe de transição ainda discute as fusões de alguns ministérios que são consideradas polêmicas. É o caso da junção, por exemplo, de Agricultura e Meio Ambiente e de Comércio Exterior à pasta da Economia, que será comandada por Paulo Guedes.
Até o momento, o presidente eleito já anunciou os nomes de cinco futuros ministros: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia), general Augusto Heleno (Defesa), Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).
Bolsonaro, que veio pela primeira vez a Brasília desde a eleição, disse estar com saudades de seus colegas. Ele participou mais cedo de cerimônia em comemoração aos 30 anos da promulgação da Constituição Federal, no Congresso. 
O presidente eleito não quis confirmar o nome do senado Magno Malta para um de seus ministérios. Malta concorreu à reeleição, mas foi derrotado nas urnas.