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Para Renan, governo quer enfiar retirada de direitos "goela abaixo"

Folhapress

| Edição de 28 de abril de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Com a aprovação da reforma trabalhista na Câmara Federal, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), reforçou seu discurso crítico às propostas do governo de Michel Temer. O senador disse que o texto será alterado na Casa e afirmou que o presidente quer empurrar “goela abaixo” dos trabalhadores uma “retirada de direitos”.
Renan disse que o governo deveria se comunicar com os trabalhadores sobre a situação do emprego no País e sobre as alterações na legislação trabalhista, em especial às vésperas do 1º de Maio.

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O texto-base da proposta foi aprovado na noite de quarta-feira por 296 votos a favor e 177 contra. A votação de emendas avançou pela madrugada desta quinta.
“O Brasil precisa falar aos seus trabalhadores, que vivem um momento de angústia e crueldade. Não é normal que o presidente da República deixe de falar e empurre goela abaixo dos trabalhadores uma retirada de direitos”, disse à reportagem o líder do PMDB.
Apesar de comandar a bancada do partido do presidente, Renan já havia manifestado posições duras contra a reforma da Previdência, considerada prioritária por Temer.
Agora, o senador passou a atacar a reforma trabalhista, que deve começar a ser discutida no Senado nas próximas semanas. Ele afirmou nesta quinta-feira que o texto aprovado na Câmara deve sofrer modificações no Senado, o que deve atrasar sua tramitação no Congresso.
“Muita coisa vai ser alterada aqui no Senado, como esse desmonte dos sindicatos, no momento em que a negociação das categorias passa a prevalecer sobre a legislação. Parece contraditório”, criticou. “Desmontar a legislação trabalhista do dia para a noite é ruim, é injusto, sobretudo em plena recessão, com 13 milhões de desempregados.”
Acuado pela Lava Jato e com perspectivas de não se reeleger, o líder do PMDB no Senado tem feito discursos públicos contra as reformas econômicas. Declarou, por exemplo, que a mudança na Previdência proposta pelo Planalto “pune os trabalhadores e o Nordeste”.
“O governo errou ao fazer uma opção pela recessão, enquanto deveria estar preocupado com uma agenda de retomada do crescimento”, declarou.
Renan também tomou a tribuna do Senado no início da tarde de ontem, horas depois da aprovação da reforma trabalhista na Câmara, para criticar o projeto apresentado pelo governo.
“A reforma retira direitos e, se retira direito, é injusta. Ponto. Ela rebaixa os salários, é sua consequência mais imediata e perversa”, afirmou. “Todos sabemos que acordos forçados em plena recessão, com 13 milhões de desempregados e com o desemprego aumentando mês a mês, é pedir que se aceite a crueldade como caridade.”
“Meu dever como Senador, como representante de Alagoas nesta Casa, é alertar para o perigo que o País está correndo”, disse o senador. “A reforma trabalhista vai fatalmente aprofundar a desigualdade social.”

Maia defende paciência na reforma da Previdência
Após a aprovação da proposta de reforma trabalhista no plenário da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que agora vai trabalhar para conseguir os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência.
Maia lembrou que, nas últimas semanas, houve problemas na articulação das votações, principalmente na base de apoio do governo, mas ressaltou que, graças a uma reorganização, o Projeto de Lei (PL) 6.787/16, que trata da reforma, foi aprovado por 296 votos contra 177.
Questionado por jornalistas sobre o fato de o número de votos a favor da reforma trabalhista não ser suficiente para aprovar a reforma da Previdência, tema considerado prioritário pelo governo no Congresso e que tramita na forma de proposta de emenda à Constituição (PEC), Maia respondeu que ainda há tempo para atuar junto aos deputados em favor da aprovação. Projetos de lei exigem maioria simples para aprovação na Câmara. PECs, no entanto, precisam ser aprovadas por três quintos do total de deputados.
“Temos aí duas ou três semanas e, com muita paciência, vou trabalhar para que possamos chegar no plenário com número para aprovar a reforma da Previdência. Precisamos avançar nessa reforma e entregar, em 2018, um Brasil reorganizado e reequilibrado”, disse Maia. “A favor da reforma trabalhista tivemos quase 300 votos. Agora nossa obrigação é mostrar a eles a importância que a reforma da Previdência tem”, acrescentou. (AGÊNCIA BRASIL)