POLÍTICA

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Prefeitos anunciam moratória em três municípios do Vale

Edison Costa

| Edição de 07 de janeiro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Com suas prefeituras mergulhadas em dívidas, sem dinheiro, salários do funcionalismo atrasados e com parque rodoviário sucateado, três prefeitos do Vale do Ivaí decidiram que vão decretar moratória por 90 dias, a partir desta semana, com o objetivo de equilibrar as finanças municipais.
Anunciaram esta decisão Ilton Shiguemi Kuroda (PSC), de Rosário do Ivaí, Raimundo Severiano de Almeida Júnior (PSDB), o Raimundinho, de Bom Sucesso, e Emerson Toledo Pires (PROS), de Cambira. Outros ainda estão estudando a possibilidade de adotarem idêntica medida.

Imagem ilustrativa da imagem Prefeitos anunciam moratória em três municípios do Vale
Prefeito Emerson Toledo e vereador Toninho Genovez


Em Rosário do Ivaí, o prefeito Ilton Kuroda justifica que, na atual situação em que se encontra a Prefeitura, a moratória de 90 dias é a única medida eficaz na busca do equilíbrio financeiro do município neste início de mandato. “Neste período vamos fazer um levantamento completo da situação financeira e patrimonial da Prefeitura de Rosário do Ivaí. Os problemas são muitos e precisamos de um tempo para resolvê-los”, assinala.
Kuroda garante que não vai dar calote em ninguém. “Vamos pagar tudo o que a Prefeitura deve, porém analisando caso a caso”, afirma.
O novo prefeito explica que no momento a Prefeitura está sem dinheiro em caixa e sem recursos previstos para saldar compromissos de imediato. O maior problema, conforme ele, está no parque rodoviário, que está todo no estaleiro, com caminhões, máquinas e outros veículos sem pneus para rodarem. Só para a compra de pneus serão necessários mais de R$ 70 mil e a Prefeitura não tem isso. Já a dívida da Prefeitura passa de R$ 2 milhões.
“Eu não sei não, mas acho que terei que tirar dinheiro do próprio bolso para comprar algumas coisas que estão faltando e fazer a Prefeitura andar”, diz.
Em Cambira, o prefeito Emerson Toledo Pires diz que a Prefeitura está numa situação bastante complicada. “Como não houve transição de governo, não tivemos conhecimento antecipado da situação. Precisamos de um tempo para fazer um levantamento completo e, para isso, estaremos decretando moratória por 90 dias”, afirma.
Segundo Toledo, além de salários atrasados com professores e outras pendências, o problema maior é o parque rodoviário, que está no estaleiro. São 13 ônibus, máquinas e caminhões que estão sem pneus e ainda precisam de uma revisão geral nos motores. “Temos que resolver esta situação o mais urgente possível”, observa.
Em Bom Sucesso, o prefeito Raimundinho também irá decretar moratória por 90 dias. Ele explica que a situação financeira da prefeitura é ruim e necessita de um tempo para colocar as coisas em ordem.
Raimundinho afirma ter herdado uma pendência de R$ 800 mil de salários atrasados referentes ao mês de dezembro e metade do 13º salário do funcionalismo, além de ter sido obrigado a exonerar cerca de 50 servidores comissionados que eram de responsabilidade do antecessor. Segundo ele, vai demorar um tempo para colocar a casa em ordem.
“O Município de Bom Sucesso está quebrado e precisaremos de tempo para consertar”, afirma Raimundinho, assegurando que a dívida da Prefeitura é de aproximadamente R$ 3,3 milhões.

Rio Bom teme confisco de FPM
Em Rio Bom, o prefeito Ene Benedito Gonçalves, diz que ainda está fazendo um levantamento da situação, mas não descarta a possibilidade de também pedir moratória. “Depois de concluído o relatório vamos avaliar esta medida”, afirma Ene, informando que há máquinas e caminhões em estado precário.
O prefeito acrescenta que há uma dívida de precatórios no valor de R$ 400 mil que não foi paga pelo antecessor. “Se a gente não pagar, a Justiça pode confiscar recursos do FPM para essa finalidade e aí o município fica numa situação ainda mais difícil”, reclama. 
 Ene Gonçalves acrescenta que nesses 16 anos em que os ex-prefeitos que o antecederam estiveram no poder o funcionalismo teve uma perda salarial de 50% e há muitos com férias vencidas. “Este é mais um problema para se resolver”, lamenta. (E.C)