A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, criticou ontem a organização dos partidos brasileiros, cuja pouca diversidade, mesmo com grande quantidade, seria um dos principais fatores da crise de representatividade política pela qual passa a democracia no País.
“Quem tenha tido o cuidado de ler os programas, e eu li todos mais de uma vez, vê que não tem muita diferença no que eles (partidos) oferecem, quais os seus objetivos, quais os seus principais compromissos”, disse Cármen Lúcia. “E nós vemos partidos, portanto, que não têm a diversidade de programas que faria com que optando por um eu esteja dizendo não a outro.”
As declarações foram dadas no II Congresso de Direito Eleitoral de Brasília, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, ante uma plateia formada em grande parte por deputados distritais e assessores legislativos.
“Nós precisamos ter partidos programáticos, como é no mundo todo, e não pragmáticos, como são muitas vezes os partidos políticos no Brasil”, afirmou a presidente do STF.
Ela citou como exemplo o Partido da Mulher Brasileira (PMB), que à época em que obteve seu registro na Justiça Eleitoral tinha em sua diretoria somente homens. “Não é que tivesse que ter só mulheres, mas se ele vai representar mulheres, que haja pelo menos a fala da mulher, para que ela saiba porque que precisa de partido, se é que precisa, com este nome, ou se mais uma vez se trata de retórica, ou seja, uma fala sem compromisso de conteúdo”, disse a ministra.
A ministra destacou a grande quantidade de legendas como uma das dificuldades a serem enfrentadas por uma reforma política.
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