POLÍTICA

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Saída de Teich abala relação do Governo Federal com ‘Centrão’

ESTADÃO CONTEÚDO BRASÍLIA

| Edição de 16 de maio de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou em pronunciamento na tarde de ontem que deixou um plano pronto para Estados e municípios para combater a covid-19, e que este deve ser seguido. Ele havia pedido exoneração do cargo horas antes. A saída do ministro, no meio de uma pandemia e que acontece menos de um mês após ele assumir o cargo, foi alvo de críticas e abalou a relação do Governo Federal com o ‘Centrão’.

Teich disse que, durante o período em que esteve no Ministério da Saúde, o foco foi total no combate ao novo coronavírus, mas que há um outro “sistema com doenças que têm de ser cuidadas”. Ele declarou também que, neste período, auxiliou Estados e municípios a passar pelas dificuldades e habilitou aproximadamente 4 mil leitos num momento de crise mundial.
“Tanto nos insumos quanto nos equipamentos de proteção individual, é uma luta intensa para auxiliar Estados e municípios a passar por isso”, acentuou. Teich acrescentou ainda que foi construído um programa de testagem de coronavírus que está pronto para ser implementado e que é fundamental a definição de estratégias e ações.
Um dos líderes do ‘Centrão’, o deputado Paulo Pereira da Silva divulgou uma nota nesta sexta-feira, 15, criticando os “impulsos” do presidente Jair Bolsonaro na condução da crise do novo coronavírus, que levaram ao pedido de demissão do ministro da Saúde. “Saiu quem não tinha entrado. Nesta sexta, 15, o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração do cargo, mas, não sei se alguém percebeu, já não fazia diferença”, disse Paulinho da Força, como é conhecido o deputado, que preside o Solidariedade.
Após afirmar que Teich era constantemente desautorizado por Bolsonaro, Paulinho partiu para o ataque ao chefe do Executivo. “Duvido que alguém consiga fazer o presidente aprender com a ciência e perceber que reduzir o isolamento social é colocar mais brasileiros na fila de espera por uma vaga na UTI. O Brasil precisa de liderança, mas vai ser difícil encontrar um ministro que seja capaz de lidar, ao mesmo tempo, com a crise sanitária e com os impulsos de Jair Bolsonaro.”
A avaliação é compartilhada por outros partidos que integram o Centrão. “Diante das imposições do presidente, só topará ser ministro da Saúde quem não tiver compromisso com a ciência e nem com a medicina. O pedido de demissão do ministro demonstrou que ele tem”, afirmou o deputado Marcelo Ramos (PL-AM).
O PL deverá ocupar a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério que estava nas mãos de Teich. A mudança de posto na Secretaria, em meio ao pico da covid-19, ocorre após a demissão de Francisco de Assis Figueiredo, que havia sido indicado para o cargo pelo Progressistas.