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Apucarana tem primeiro caso de variante indiana do Paraná

Da Redação

| Edição de 03 de junho de 2021 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou ontem o primeiro caso da cepa B.1.617 no Paraná, popularmente conhecida como variante indiana ou delta, na nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A paciente é uma mulher, de 71 anos, moradora de Apucarana. A identificação foi realizada por sequenciamento genômico do vírus SARS-CoV-2, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em critério de seleção aleatório.
Conforme informações da Sesa, a idosa infectada apresentou os sintomas da doença no dia 19 de abril após contato com casos confirmados. Ela realizou coleta de exame RT-PCR para diagnóstico da Covid-19 no dia 26 de abril. De acordo com informações da 16ª Regional de Saúde, chegou a ficar hospitalizada após passar mal por descontrole na diabetes. 
A paciente morava com o marido de 74 anos e o filho de 58, que também foram diagnosticados com coronavírus. O esposo dela se recuperou da doença, porém o filho faleceu no dia 17 de maio.  O homem que morreu em decorrência da covid trabalhava como representante comercial e, segundo a 16ª RS, estaria em isolamento domiciliar em função dos problemas de saúde. A idosa, bem como o marido, já tinham completado esquema de imunização da covid, segundo a Autarquia Municipal de Saúde (AMS) de Apucarana.
“O filho tinha comorbidades porque tinha sido submetido a angioplastia coronária por conta de problemas no coração”, informou o chefe da 16ª RS, Altimar Carletto. 
De acordo com Carletto, até o momento não há muitas informações de como a mutação do vírus chegou a essa família. A equipe de Vigilância Epidemiológica Municipal realiza acompanhamento dos familiares e contatos próximos para tentar rastrear o vírus e descobrir a origem da contaminação. Segundo Carletto, não há informações de que alguém da família da idosa tenha viajado para Índia ou tenha mantido contato com alguém que viajou para esse país. “Vamos buscar um diagnóstico epidemiológico, porque essas pessoas já passaram pela doença. Então não há nada de importante clinicamente. Temos que buscar informações de onde veio e para onde foi o vírus desta cepa mutante, e temos condições de fazer isso buscando os exames RT-PCR ao entorno desta senhora”, disse Carletto.
O chefe da regional informou que pessoas da família, amigos e até vizinhos da idosa foram contaminados pela Covid-19 na mesma época. As amostras dos exames destas pessoas, feitas pelo Laboratório Central do Paraná (Lacen PR) serão encaminhadas à Fiocruz onde passarão por análise genômica. 
O Lacen está realizando a busca de amostras confirmadas para Covid-19, com data de coleta 15 dias anteriores e 15 dias posteriores à data de coleta do exame do caso confirmado em toda a região da 16ª Regional de Saúde, que abrange 17 municípios.

O prefeito Junior da Femac afirmou na noite desta quarta-feira (2) que a confirmação da circulação  da nova cepa pode estar relacionada ao crescimento significativo da taxa de contaminação no município. “Nós vínhamos observando que a cada dia estava sendo registrado uma média de 150 a 160 novos casos positivados para Covid-19 em Apucarana”, comentou, lembrando que dez dias atrás a média era de 70 casos/dia. Além do aumento do número de casos, os óbitos decorrentes do covid-19 cresceram 42% em abril, que somou 77 óbitos.
Diante deste quadro, o prefeito explica que foram adotadas diversas medidas, incluindo restrição de circulação, maior rigor na fiscalização com a Polícia Militar e a Guarda Municipal, reforços nos estoques de oxigênio e abertura de mais leitos clínicos no Hospital da Providência. “Também reforçamos o monitoramento de pessoas positivadas – que hoje são 2.338, das quais 140 estão recebendo oxigênio em casa -, e o trabalho de conscientização e alerta à população, visando à prevenção”, revelou.
A partir de agora, conforme frisou Junior da Femac, em relação à nova cepa detectada, o Município irá seguir as normativas colocadas pela Secretaria de Estado da Saúde e o Ministério da Saúde.

A cepa B.1.617 foi detectada pela primeira vez na Índia e é atribuída à onda devastadora de Covid-19 que atingiu os países do sul da Ásia nas últimas semanas. A variante já chegou a 43 países. 
A análise genética revelou que essa variação apresenta mutações que aumentaram a capacidade de transmissão do vírus, permitindo que ele consiga invadir nosso organismo com mais facilidade.
Segundo estudo da Fiocruz, ao menos 92 cepas do coronavírus já transitavam pelo Brasil até abril deste ano, entre elas as três variantes até então consideradas “de preocupação global”: do Reino Unido (B.1.1.7), da África do Sul (B.1.351) e a P.1, de Manaus.  
No Brasil, são 9 casos confirmados até o momento da cepa indiana: 6 no Maranhão, 1 no Rio de Janeiro, 1 em Minas Gerais e agora 1 caso no Paraná.

Segundo a Sesa, o Lacen envia à Fiocruz, semanalmente, amostras de casos confirmados de Covid-19 para monitoramento das cepas circulantes. O critério de seleção é aleatório e levou à identificação desse caso, que não era considerado suspeito de infecção por alguma Variante de Preocupação (VOC). 
Após a confirmação do caso, o secretário de Estado de Saúde do Paraná, Beto Preto, destacou que todas as ações epidemiológicas já estão em curso e fez um apelo à população em relação ao feriado de Corpus Christi, pedindo para que os cuidados sejam redobrados.
“Estamos às portas de um novo feriado e muitas pessoas vão viajar. Quero mais uma vez chamar atenção para esse deslocamento. Mesmo as reuniões familiares, as chamadas aglomerações do bem, podem se traduzir em situações de tragédia”, afirmou  secretário destacando que é hora de ponderar a respeito de deslocamentos. Beto Preto também frisou que esse é um momento crítico da pandemia no estado. “Estamos com altos índices de lotação nos hospitais”. 
O Paraná registra ainda um caso suspeito da cepa B.1.617. Trata-se de um homem de 38 anos, residente em Cascavel, no Oeste do Estado. A amostra foi remetida à Fiocruz e aguarda o resultado o sequenciamento genômico.