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Casos de tuberculose aumentam 9% na região; saiba como se prevenir

Fernanda Neme

| Edição de 18 de junho de 2019 | Atualizado em 18 de junho de 2019

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Casos de tuberculose deixam a saúde em estado de alerta. A cada quatro horas, um novo caso da doença é diagnosticado no Paraná. Segundo informações do Ministério da Saúde, enquanto o Brasil registrou queda de 0,63% no número de diagnósticos em 2018, no estado foi verificado crescimento de 10,9%, o que coloca o Paraná como uma das 12 unidades da federação que registraram alta da doença. Na região, a situação não é diferente. Entre 2017 e 2018, houve um aumento de 9% no número de casos na área da 16ª Regional de Saúde.

Em 2018, foram registrados um total de 2.248 novos casos da doença no Paraná, o maior número de diagnósticos de tuberculose desde 2013. Com o aumento de casos, a taxa de incidência por 100 mil habitantes subiu cerca de 10%, passando de 17,9 para 19,7.

Na área da 16ª Regional de Saúde, que compreende 17 municípios, foram registrados 109 casos em 2018, contra 100 no ano anterior. O município com maior número de casos é Arapongas, que somou 47 diagnósticos no ano passado, seguido por Apucarana, com 38. Neste ano, até agora, 45 pessoas foram diagnosticadas com a doença, que tem um tratamento longo.

Imagem ilustrativa da imagem Casos de tuberculose aumentam 9% na região; saiba como se prevenir

Um dos casos de 2018 é o da apucaranense Licione Aparecida Ferreira Miyoshi, 53 anos. Após perder muito peso, ter febre e imunidade baixa, ela procurou ajuda de médicos, que primeiramente a diagnosticaram com pneumonia. Porém, após alguns exames mais específicos verificaram que a apucaranense estava tuberculose no pulmão esquerdo. “Ao contrário do que a maioria pensa, não tive tosse”, ressalta.

Licione conta que quando soube que estava com a doença ficou muito abalada e teve, por orientação médica, que ficar afastada por seis meses. “Meu psicológico foi no chão. Sofri discriminação social, as pessoas ainda têm preconceito por ser uma doença transmissível. Acredito que seja por causa da falta de informação e divulgação da doença”, explica. 

Por 6 meses, a apucaranense passou por tratamento com antibióticos e remédios fortes. “Em nenhum momento pensei em desistir, mas soube que muitas pessoas, por falta de disciplina, abandonam o tratamento devido aos horários que devem ser cumpridos rigorosamente, além da medicação ser forte e causar efeitos colaterais”, conta.

Curada, Lecione está de volta ao trabalho, porém, continua tomando uma medicação para fortalecer o pulmão afetado. “Estou bem, mas continuo por um período ingerindo um remédio para fortalecer o pulmão afetado. Vale ressaltar que recebi todo o suporte necessário do Sistema Único de Saúde (SUS)”, comenta.

Doença é tratável, mas de fácil transmissão

A enfermeira Anelize Sassá Brizola, da Seção de Vigilância Epidemiológica, da 16ª Regional de Saúde, explica que a tuberculose é transmitida principalmente por via respiratória, através da inalação de aerossóis dispersados na tosse, fala ou espirro da pessoa com tuberculose ativa (gotículas contendo o bacilo Mycobacterium tuberculosis). “A vacina BCG é importante, pois previne as formas mais graves da doença (miliar e meníngea), mas não é eficaz contra a forma pulmonar”, alerta.

Sobre a prevenção, a Anelize diz que ocorre através de medidas para o controle da doença, diagnosticando e tratando precocemente, evitando a disseminação do bacilo, principalmente aos grupos de indivíduos mais vulneráveis e imunocomprometidos, como pessoas que vivem com HIV/AIDS, diabéticos, tabagistas, privados de liberdade, usuários de drogas ilícitas e álcool, moradores de rua, etc. 

Para pessoas que convivem com alguém portador de tuberculose, a enfermeira recomenda a investigação da doença, iniciando tratamento preventivo medicamentoso caso haja necessidade após avaliação de exames de prova tuberculínica e raio-x. “Todas as pessoas que apresentem tosse por 3 semanas ou mais devem ser investigadas para a tuberculose, através de exames bacteriológicos de escarro. Além disso, a pessoa com tuberculose pode apresentar falta de apetite, perda de peso, suor noturno e febre baixa, principalmente ao final da tarde”, explica.

Segundo Anelize, a tuberculose é um grave problema de saúde pública mundial, pois embora seja uma doença curável e de baixa letalidade, é de fácil transmissão.

O tratamento da tuberculose, segundo a enfermeira, é realizado por medicamentos disponíveis na rede pública de saúde, e tem duração de seis meses, sendo os dois primeiros meses considerados a fase intensiva do tratamento (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol), e os quatros últimos meses, a fase de manutenção (rifampicina e isoniazida).