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Índice de suicídios aumenta quase 50% em um ano e preocupa autoridades

Renan Vallim

| Edição de 23 de abril de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Casos de suicídio aumentaram 47,8% em 2016, no comparativo com o ano anterior, de acordo com a 16ª Regional de Saúde de Apucarana. A grande maioria das vítimas é homem, 94% dos casos, e tem entre 30 e 49 anos. O índice preocupa especialistas, que lembram que quadros como esses podem ser revertidos com mudanças na forma de encarar problemas e auxílio profissional.
Em 2015, a 16ª RS registrou 23 suicídios. No ano seguinte, foram 34. Os registros mostram nove casos de pessoas entre os 40 e os 59 anos, a faixa etária com maior incidência, seguida pela de pessoas entre 30 e 39 anos, com oito casos. Adolescentes e jovens entre 15 e 19 anos, em evidência após o ‘Jogo da Baleia Azul’, não têm histórico recente de muitos casos: apenas um foi registrado no ano passado. Neste ano, entretanto, uma adolescente de 14 anos tirou a própria em Jandaia do Sul.
A psicóloga Ângela Blanski, coordenadora de Saúde Mental da 16ª RS de Apucarana, explica que a maioria das pessoas que comete suicídio estão passando por uma situação de vulnerabilidade.
“Elas não conseguem encontrar uma situação que possa resolver os problemas delas. É uma série de problemas que vão se acumulando. Mas é preciso destacar que há saída. As pessoas precisam criar novas estratégias para encarar certas situações. Por isso é importante que um profissional auxilie a pessoa a criar essa nova estratégia. Por mais difícil que possa ser, é algo totalmente possível”, ressalta.
De acordo com pesquisas internacionais, momentos de instabilidade econômica tendem a aumentar a incidência de suicídios. Homens estão mais vulneráveis a essas situações por conta de um aspecto social: a maioria deles não é ensinada a lidar com os sentimentos, as frustrações e a terem flexibilidade para lidar com as adversidades. Isso explica a faixa etária e o sexo com maiores índices registrados.
Segundo a psicóloga, as pessoas próximas podem auxiliar nesse processo, identificando sinais como o abuso de álcool ou outras substâncias, além do isolamento social e aumento na agressividade. “É importante que as pessoas sejam mais presentes na vida de seus familiares. É importante que haja mais conversa e relações menos ‘nubladas’ entre as pessoas”, destaca.

ADOLESCENTES
Apesar de poucos casos registrados na região, a incidência de suicídios entre jovens e adolescentes merece atenção especial. No Brasil, a faixa etária entre 15 e 19 anos foi a que teve a maior alta nos últimos anos, chegando a 30%.
“Esse é um momento com muitas mudanças, questionamentos e oscilações, inclusive hormonais. Algumas situações podem afetar a autoestima desses jovens, o que é algo que deve ser acompanhado de perto pelos pais”, afirma Ângela.
O ‘Jogo da Baleia Azul’ chama ainda mais atenção para a situação. “Essa é uma situação diferente. É uma estratégia de condicionamento lento que vai sendo feita. O jovem é convidado a realizar tarefas que, no início, são tranquilas, mas que depois ficam mais sérias, com o uso de ameaças, e alguns sentem dificuldade em sair dessa situação. É preciso estar atento”, afirma.