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Morte de médico de Ivaiporã por Covid-19 gera comoção nacional

DA REDAÇÃO

| Edição de 11 de agosto de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A morte do médico Lucas Pires Augusto de 32 anos, no último sábado (8), comoveu profissionais de saúde de todo o país. O neurocirurgião trabalhava no Instituto de Saúde Bom Jesus, de Ivaiporã, desde o final do mês de abril. Ele foi internado em um hospital de Maringá com a Covid-19 no dia 25. Lucas deixa esposa, também médica, e dois filhos pequenos, Benjamin e Isabela. 

Carioca, Lucas morou em Cataguases, Minas Gerais e formou-se em escola pública até a faculdade, onde fez medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. Ele fez residência médica em São Paulo, pela Universidade São Paulo (USP), mas ganhou notoriedade como neurocirurgião, após participar, ainda como residente, da equipe que separou as gêmeas siamesas unidas pela cabeça Maria Isabelle e Maria Ysadora, em Ribeirão Preto, onde residia antes de vir para a região. 
A irmã do médico, Gabriela Pires em entrevista ao portal G1, disse que Lucas teria se infectado ao atender uma paciente contaminada. “Ele só soube dias depois da consulta sobre o diagnóstico positivo. Quando soube do resultado dessa paciente, fez o teste que deu negativo. Dias depois, ao sentir o primeiro sintoma já foi para o hospital onde ficou internado”, detalhou Gabriela. 
“Esse vírus é muito traiçoeiro, ele nunca tinha sido internado, não tinha nenhuma doença associada. Ele lutou pela vida até o último minuto. Isso tudo foi muito assustador pra gente”, disse a irmã emocionada. 
Médicos e outros profissionais de Saúde de Ivaiporã lamentaram a perda. O diretor administrativo do Instituto de Saúde Bom Jesus, Marcos Assis, disse que o médico era extremamente prestativo com seus pacientes. “Logo quando o conhecemos percebemos que ele era uma pessoa de fino trato com seus pacientes, um profissional com muito compromisso, responsabilidade e conhecimento”, conta. 
Assis revela que foi o médico mineiro que entrou em contato com o hospital de Ivaiporã quando soube do desejo da instituição em avançar na área da neurocirurgia. “No final de março ele entrou e contato conosco, quando estava finalizando sua residência. Ele viria com a esposa para Maringá para visitar parentes. Depois de uma conversa pessoalmente, o convidamos para atender em nosso hospital a partir de maio. A vinda dele foi de extrema importância para atender a demanda da neurocirurgia para Ivaiporã e todos os 16 municípios que atendemos”, revelou. 
Ainda segundo o diretor do hospital, o médico teve uma breve missão, porém, cumprida com louvor. “Tive o prazer de ver esse jovem talento com grande dedicação pela profissão. O que fica agora é o carinho e a saudade de toda a equipe da instituição por onde ele teve uma passagem tão rápida”, disse. 
O presidente da Associação Médica de Ivaiporã, médico Humberto Moreira da Silva, também lamentou a morte do profissional. “Nós, da Associação Médica, sentimos muito a perda do nosso colega, que mesmo atuando por tão pouco tempo na cidade, já havia conquistado admiração e respeito de toda comunidade pela sua competência e pelos importantes serviços prestados a todos os seus pacientes”, declarou.
Com a morte do médico, Ivaiporã passa a contabilizar 10 óbitos por Covid-19.